quinta-feira, 30 de outubro de 2008

13.Pára Tudo: Silvinha & Guerinha

Pára tudo por favor. Esta semana foi estranha, muito estranha mesmo. Na mesma semana, o Guerrinha, um amigo do cinema, foi-se, muito rápido apesar de nos ter dado todos os sinais. E hoje, dia 30, foi a missa de 10 anos que outra amiga, Silvia Gardemberg se foi.
O Guerrinha, só tinha Guerra no nome, de resto era só paz e amor. Todos lembração dele com aquela voz anasalada , o jeito maroto e é claro, o cigarro no bolso da camisa.

Foi muito emocionante pra mim a missa da Silvinha, e hoje foi muito diferente de 10 anos atrás, quando estive no velório dela na Casa de cultura Lauro Alvim e no final de tudo, fomos tomar um porre num bar onde ela tinha descoberto um uísque a 4 reiais a dose. A cara da Silvinha.

Silvinha morreu de câncer, que foi tratado de pulmão mas que foi de mama no início, que era o master do câncer, o guia pra todos os outros.
Os amigos, nós, acompanhamos todos os momentos, é agua na pleura, no pulmão, é isso, é aquilo e Silvinha ia se distanciando da cura. Quando viu, não tinha mais jeito, e Silvinha morreu em NY procurando uma maneira de vencer, até o último minuto.
Silvinha era uma pessoa muito alegre, expansiva e sempre estava aprontadando alguma. É o que chamaríamos de ¨samba, suor e cerveja¨. Era uma das fundadora do Suvaco do Cristo, bloco de carnaval de rua que explode na Rua Jardim Botânico antecedendo a data oficial do carnaval e levando alegria e engarrafamento para a cidade.
Era também a criadora, junto com a irmã / marida Monique, do Free Jazz, Carlton Dance, Tim Festival, entre outras coisas. E levava os amigos em tudo, distribuía convites para os shows (nossa, quanta coisa boa que eu vi graças à Silvinha) e no final do show saía pra farra com a gente, deixando as celebridades com outras celebridades.

Hoje, na missa, me dei conta do que a Silvinha deve ter sentido no momento em que soube que estava com câncer e que não tinha muito mais o que fazer, porque ela só descobriu quando a situação já estava bem difícil. Mesmo assim, continuava sendo muito positiva e não nos deixava ficar de baixo astral perto dela.
Quando lembro da Silvinha só lembro de coisas boas, mas lembro também dos seus olhos de despedida, já numa esfera superior.
Na época não entendia bem, fui muito solidária, mas só hoje sei o que ela pode ter sentido. Com o meu câncer, fiquei mais próxima desta sensação, e pude compreender toda a sua disposição perante às adversidades.
Resolvi que a Silvinha será patrona deste blog, e agradeço a ela boa parte da minha vontade e alegria de viver neste momento.
Silvinha e Guerrinha, divirtam-se por aí onde vocês estão, e nós vemos algum dia, não agora por favor, que eu tenho muita coisa pra resolver por aqui.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

12.Quimioterapia ou Aplicação,ora bolas ?

Voltei à clinica e ao Dr. Eduardo já para a primeira consulta da primeira quimioterapia.
Quando saíamos de casa para ir até lá, chega o meu pai para nos acompanhar. Disse: vim de mercedez com o meu motorista, uma beleza, viajem tranquila. Esta é a maneira dele dizer "oi, estou aqui, vim dar uma força, e tal".
Quanto a Mercedez com motorista, explico: meus pais moram em Nitéroi, e com preguiça de dirigir, ele pega o 999 (quase mil como chamam) ônibus que faz o trajeto Charitas X Gávea dando a volta ao mundo como se fizesse um tour, e que passa bem em frente da casa deles e da minha, ponto a ponto. Jóia.
Meu pai é uma pessoa muito especial e não é por ser meu pai não, o cara é gente boa. Já falei da minha mãe mas não falei do meu paie vou descrever rapidamente os dois.
Bom, minha mãe é muito engraçada, folgada como ela só, animada. Quando chega no pedaço, parece que vem toda a Bateria da Mangueira atrás, além da Ala das Baianas e algumas passistas de quebra. O meu pai é ao contrário, discreto e observador, tímido e preciso, mas o melhor contador de piadas que eu conheço, entre milhares de outras qualidades mais nobres. Além de tocar violão e piano, normalmente bossa nova. Aliás, meu pai é a minha bossa nova.
E é claro que puxei para a minha mãe, só que um grupo de chorinho atrás.

Bom, ele chegou e fomos os 3, rumo à clínica, para aquele dia que todos temiam: a quimioterapia.
Consulta ok, tudo certo, procedimentos iniciais, remédios para tomar caso apareçam alguns sintomas como dor de cabeça, enjôos e febre ligar imediatamente para o médico, telefones úteis, feito quando você deixa o filho pela primeira vez na creche. Igual. Só que eu não ia brincar.
Foi um dia tenso, sabia que agora o bicho ia pegar, e pensava, tenho que ficar tranquila, estou dando os primeiros passos para a minha cura.
A mãe do Robert, brava guerreira, ia para a quimio toda animada, com o pensamento que o tumor ia virar uma uva passa, secar. Eu achava uma boa idéia e fiz força neste pensamento também.
Meu pai me deu um beijo, e foi embora do geito que chegou, silencioso mas presente.
Minha mãe entrou comigo e foi logo se ambientando, conversando com as enfermeiras e olhando tudo em volta, onde é o banheiro, tem água, se está frio, quanto tempo vai durar, o que é isso que estão colocando, e ufa, sabe como é mãe, né? Estava numa excitação danada, nervosa, claro.
Ia durar por volta de duas horas, e na primeira meia hora ela já estava entediada, você está bem minha filha? Esta era a senha, mãe vai dar uma volta em Copacabana e compra sorvete por favor. Foi-se embora para as ruas movimentadas e cheias de vida do bairro mais eclético do Rio, exatamente como uma música de Fausto Fawcet.

Voltando. A sala era bem legal, com um divã super confortável e uma cortina caso quisesse privacidade, uma TV de plasma bem grande no centro em cima sempre ligada na TV Globo no "Vale a Pena ver de Novo", bem no meu horário, pena. De novo? Ficava fazendo as contas se dava para acompanhar a novela até o final do meu tratamento, senão como fazer pra ver a novela durante a jornada de trabalho? Com licença pessoal, vou até em casa ver "Cabocla". Impossível.

Portanto prepare-se para ler, é mais bacana e você pode variar de temas. Mas, como os filmes, literatura leve, coisas belas, algo que deixe você de bem, tô nem aí pro mundo lá fora.
Faça planos para o futuro, ou então ligue para aquela amiga que teve um filho ou que foi avó e você nem falou ainda, ou praquela outra que ficou tão abalada com a notícia que não teve coragem de te ligar. Sem ser Poliana, alô, pense em coisas boas, afinal "nós viemos aqui pra beber ou pra conversar?" Evite pensar nos efeitos que a quimio pode dar, e tente pensar que ela está matando aquela coisa insignificante que é o tumor, ajude a combater o inimigo mas não o despreze.

E preste atenção numa coisa curiosa: nós falamos quimioterapia e eles falam aplicação. Nós falamos, quantas sessões de quimio? Eles dizem, quantas aplicações? Acho que é pra diminuir o peso do nome quimio, assim como do nome câncer, tão cheio de estigma e carregado de temor. Eu gosto de repetir a palavra câncer muitas vezes ao dia, até ele encher o saco e ir embora.

E não esqueça de perguntar os efeitos imediatos, quando fui ao banheiro meu xixi era vermelho. Pensei: estou tendo um treco qualquer, vou morrer, e de tão nervosa que estava nem lembrei que no final da consulta ele mencionou este fato. E como diz o meu amigo Geraldinho, "o que é um peidinho pra quem já se borrou todo?"

Depois continuo com a "aplicação", este post já está enorme!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

11. Corrigindo Injustiças.

No post anterior cometi um erro gravíssimo, perdoável, óbvio. Ah, este tema merece uma postagem nova: se você tem câncer, aproveite para reconhecer erros do passado, todos ficam "tão bonzinhos", como dizia a Kate Lyra naquele bordão dos anos 70.(?)(80?).
Voltando ao assunto sobre o qual vim tratar aqui neste post, para não dispersar.
Clélia, como você pôde confundir Martinho da Vila com o Wando?! "Fala sério", como diz a minha filha.
O nosso velho comunista do coração, sambista dos bons, integrante da escola de Vila Isabel, pai da Martnália, e que leva a gente à requebrar os quadris com a cara bem maliciosa no "o miúdinho, miúdinho". Este é um dos raros erros que a gente comete que não tem perdão... Não tenho nada contra o Wando (esta é a desculpa dos que vão pro paredão..), afinal, já me identifiquei bastante com "moça, sei que já não és pura, teu passado é tão forte, pode até machucar". Quem não achou que esta música foi feita pra você que atire a primeira pedra!
Mas, como disse o meu príncipe: "peço licença para fazer um reparo referente ao autor/intérprete da canção Você Não Passa de Uma Mulher. Quem nasceu pra Wando nunca chegará a Martinho!" . Thanks my friend.

sábado, 25 de outubro de 2008

10.Você não passa de uma mulher

Tem uma música, se não me engano é o Wando quem canta ou por aí, cujo refrão é "você nao passa de uma mulher". Pois é, não queira ser uma super mulher, uma mulher e pronto já está bom. Claro que o ponto de vista do Wando é diferente da meu e falamos de situaçõoes diferentes, mas vamos pegar emprestado por ora. Isto dito...

Depois da biópsia, e antes do início do tratamento, uma amiga me convidou para substituí-la (contratempos) , num Congresso fora do Rio, mas precisamente num Resort na Bahia. Eu fiquei animada, uhuhhh, era tudo que eu precisava, uns dias falando de outro assunto. E o melhor de tudo é que era um encontro de profissinais de outra área, mas nem de longe era chato, pelo contrário, assunto me interessava bastante.

Eram 03 dias num lugar muito legal, com gente que eu nunca tinha visto e nem de longe lembravam meus conhecidos habituais como agentes da cultura, cineastas, produtores, atores e por aí vai. Nada contra, só que eu gostava da idéia de não não estar com meus semelhantes por uns dias, entende?
Eu tinha acabado de fazer a biópsia e estava com o seio cheio de hematomas , maiores do que meu biquini, claro E os meus biquinis são da Ana Amélia, ou seja, para mulheres normais brasileiras.
Estava com a minha porção mulher um pouco, digamos, abalada. O último relacionamento tinha me deixado sequelas nesta área da feminilidade, uma certa insegurança e com a nova realidade de mulher com câncer de mama, vamos combinar, é difícil "vestir uma camisa listrada e sair por aí".

Cheguei e fui direto para o congresso, de homens de camisas listradas e pra dentro da calça com as mangas arregaçadas. As listas variavam, mas em sua grande maioria, todos pareciam ter passado na Richard antes de ir para a Bahia. Mas um grupo variava um pouco e inevitavelmente fui parar na mesa deles, e nesta altura já jantávamos.

Papo vai, papo vem, caipirinha de frutas regionais, éramos 8. Mas um pouco e viramos 6, 2 subiram para o quarto. Que tal tomar um café no bar do hotel, e fumar um cigarro, alguém sugeriu. Ótima idéia, fim do café, éramos 3. Juntamos com outra pessoa que também tomava café e 4 era o número. 4 se divide por 2, e nos encontramos cada um com sua afinidade. Eu me divertia do com R :) (vou chamá-lo assim) que era sócio de uns conhecidos numa empresa e eu nunca o tinha visto (coisa difícil nesta nossa atividade) ou seja, era do mesmo ramo e o papo fluía com facilidade. Mais um café, conhaque e papo vai, papo vem, ficamos os dois. 02 horas se passavam depois do primeiro café, hora de subir, alerta vermelho, terra chamando, alô. Pegadinha ou destino, nossos quartos eram colados umno outro e ainda tinha aquela porta de comunicação entre eles! Rimos da situação e 2 minutos depois estávamos vendo as estrelas, ele tomando um último conhaque e eu comendo chocolate com licor de recheio. Pro beijo foi um pulo. E agora? Naquela situação, só me restava contar, aquilo ia longe. Olha, estou com com curativo, fiz uma biópsia, estou assim, assado, vou começar o tratamento, e pronto, disse, estou com câncer de mama. Ele, ham, ham? E o que é que tem? Qual é o problema de estarmos aqui ? Vamos continuar o papo no café da manhã, mas em vez de bater na porta do teu quarto eu te cutuco, que tal? Era a primeira vez que estava com outro homem depois do pé na bunda e principalmente depois do diagnóstico, tudo era uma novidade pra mim. E não poderia ser melhor, tive sorte. O R :) me lembrou que eu continuava sendo a mesma, que tudo era passageiro, que eu continuava uma mulher sexy e interessante, que esta situação era transitória e que eu não poderia me esconder atrás dela. Foi uma noite muito agradável, com direito a café da manhã no quarto com a porta entre eles aberta, pude lavar o rosto e colocar meus hidratantes e o que é melhor, escovar os dentes com a minha escova!
R:) foi embora naquele dia mais tarde, eu fiquei mais 01 dia e combinamos de nos falar no Rio. Na mesma semana chega um livro na minha casa e um cartão muito carinhoso. O livro: "A Doença como Metáfora", de Susan Sontag, uma execelente leitura e que me ajudou a entender muitas coisas. Desencontros normais da vida que levamos, troca de e-mails e o tempo foi passando. Nos encontramos 02 meses depois, eu já na segunda quimio e ele voltando das inúmeras viajens a trabalho. Foi muito divertido, mas já era outra coisa. Mas pude dizer a R:) o quanto ele tinha me feito bem, o quanto que ele tinha me ajudado naquele momento a me reconhecer a mesma Clélia de sempre dentro daquela nova situação. Fico emocionada só de pensar naquele dia. R:) é um grande homem, um cavalheiro, um príncipe, que me fez sentir uma rainha, e que me ajudou a encarar a situação "sem perder a ternura jamais".
E o R:) tem um lugar reservado no meu coração para todo o sempre.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

9.Vamos ao Oncologista de uma vez!

Conversando com minha amiga Zilda, espirituosa e com tiradas dignas de um compêndio, ela me disse: amiga, você não tem obrigação de ser tão engraçada no blog, e tal e coisa. A Zilda foi e é uma pessoa muito próxima que eu pude me relacionar quando soube o dignóstico e me surpreendeu até, me ligava todo dia, me tirava de casa, etc. Isto merece uma postagem solo, os amigos que chegam mais perto e os que se afastam. E a Zilda tem direito e propriedade para falar isso, afinal ela não desgrudou do meu pé. Ainda bem.
E aí me dei conta de que, a minha primeira visita ao oncologista foi realmente o dia em que fiquei mais triste neste processo que estou vivendo. Saí de lá um trapo.
Tirando o fato do Eduardo (este é o nome dele) ser uma pessoa bastante agradável e um gato, tudo que vem da boca dele é chumbo grosso. Porque, é neste momento, com o oncologista, que você tem a dimensão do seu tratamento, quanto tempo vai durar, o que vai acontecer com o seu organismo, quais as drogas que vão habitar o seu corpo durante um bom tempo e que infelizmente não dão onda nenhuma, e por aí vai.
Chegamos lá na clínica e foram todos muito amáveis. Na sala de espera, você encontra de tudo: homens e mulheres nos mais variados momentos do tratamento. Eu cheguei toda serelepe, oi pessoal, tudo bem, e blá e coisa e tal. Achei que podia ler os pensamento dos presentes: puxa, ela não sabe o que vem pela frente....
Quem é mais ou menos da minha idade deve ter visto um desenho animado chamado bat fino. Era um morcego vestido com roupas de karatê cujo bordão era "suas balas não me atingem, minhas asas são como uma couraça de aço". Cheguei assim lá, e 2 horas depois saía mais para outro personagem de desenho animado, cujo bordão era: "oh vida, oh azar, eu sabia que não ia dar certo...". Foi muito triste. Tinha caído a ficha de que eu realmente estava com cancêr, e que minha vida estava nas mãos de outras pessoas, técnicamente eu não poderia fazer nada, e que à partir daquele momento os tumores ocupariam 80% da minha vida, ok, 90%, melhor, 95%. Todo o meu cotidiano giraria em torno deles.
Saí de lá zonza e com providências importantes para tomar: teria que colocar um cateter, fazer um monte de exames e marcar a primeira quimioterapia. Pedi para ser depois do meu aniversário, dia 09/07. Ok, é o tempo dos exames, seria isso mesmo.
Saí de lá, e em casa evitei minha filha, fugi da minha mãe e da Rai (minha "governanta" e amiga) e me tranquei no quarto. Chorei, chorei, chorei, e me dei conta da minha vulnerabilidade. Minha cabeça não parava, tive os piores pensamentos naquela noite, me senti um ser pequenino, frágil, desprotegido, injustiçado, que o resto da minha vida conviveria com esta faca na cabeça. Cansada e sem conseguir dormir, tomei um remédio e apaguei.
Naquele dia, tenho certeza, acabou mais um pouquinho da minha inocência.
Minha convivência e batalha com e contra o câncer, tinha realmente começado. E como diz a Zilda, não poderia queimar óleo 90 na largada.
Era o dia 12 de junho de 2008, dia dos namorados, e eu tinha acabado de conhecer uma pessoa por quem me apaixonei perdidamente naquele dia: Eu mesma.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

8. Vamos ao oncologista. tchan, tchan, tchan

Como dia o Jack, o estripador, vamos por partes. Sou produtora, convivo com prazos, cronogramas, e, como tenho uma memória horrorosa, escrevo todas as datas importantes senão esqueço para todo o sempre. Já esqueci até quantos anos eu tinha, acredite, e não escondo idade, ainda. Esqueci o ano que me formei, e agora que fui dar aula na PUC e me pediram o diploma é que lembrei, que além de não ter ido nunca mais lá, nem para pegar o diploma, não lembrava nem o ano. Tive que recorrer aos universitários! Literalmente, aos meus contemporâneos.
Minha primeira visita ao mastologista, com minha tia e minha mãe, foi no dia 21 de maio. Tudo 2008. No dia 4 de junho, foi confirmado o CA. No dia 12 de junho foi a visita ao oncologista. Pensa bem, eu estava sem namorado (recapitulando, levei um pé na bunda), e no dia dos namorados estava indo na minha primeira consulta ao oncologista! Programão imperdível, quase deprê, e sem direito a encher a cara depois, nem ia pegar bem!
Mas tem mais: saímos do Jardim Botânico para Copacabana e resolvi ir pelo Túnel Velho. Então, passamos obrigatoriamente por onde? Adivinha? Pelo cemitério!!! Aí foi demais pra mim. Seria uma premonição? Isso queria dizer alguma coisa? Seriam os Deuses Astronautas? Falei, mamãe, é um toque do além... mentira, não falei isso pra minha mãe não, só pensei. Do jeito que ela é impressionável, seria capaz de entrar em parafuso.
Sempre tive uma certa antipatia por Copacabana. É difícil ir até lá, não tem lugar pra estacionar, é longe pra ir de bicicleta daqui de onde eu moro, um leve caos urbano e os dentistas, ah ,os dentistas, numa espécie de combinação geográfica territorial, atendiam todos naquela área. Que mora no Rio sabe disso.
Agora, confesso, amo Copacabana. Além de Claudio, Noca e Lara morarem num apartamento delicoso por lá, meu mastologista e meu oncologista atendem neste nobre bairro. E eles são as pessoas, decididamente, em quem eu mais confio neste momento da minha vida. Além de tudo, são lindos, maravilhosos, sensacionais, gatos, competentes, agradáveis e etcccccétaras. E casados.
Depois conto como foi a minha visita ao oncologista, rsrsrsrs

terça-feira, 21 de outubro de 2008

7. Cinema é a maior diversão

Resolvi falar mais de cinema.
Alguns dias depois do diagnóstico, quando vi, estava com uma lista enorme de filmes "que eu queria rever" , e é claro que ela ficou na estante fazendo companhia para os livros que comprei para este momento "especial" que se iniciava. E eu não conseguia fazer isso pq parecia trabalho. Ai fui mudando o meu foco (todo mundo usa esta expressão, não é mesmo?) aos poucos e quando vi tinha optado pelas comédias. É muito simples, é só ir lá no google e dizer exatamente o que você quer, http://melhoresfilmes.com.br/generos/comedia/page:1 , http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_filmes_de_com%C3%A9dia pronto, é só ir pegando aos poucos na locadora, intercalando os dias com a telona do cinema, claro! É uma garantia de papos melhores e mais agradáveis além de ter feito você rir com estímulos.
Depois conto a visita ao oncologista.

6. Cancêr também é Cultura.

Como tinha posto em dúvida a ortografia correta da palavra se sacanear ( auto sacanear, me auto sacaniei) e por aí vai, minha amiga Bebeth me esclareceu: "o correto será autossacanear, com esse tanto de letras 's'". Viram? Por aqui também se aprende a escrever corretamente, valeu Bebeth.
Outra dica: cinema. Vá bastante, primeiro por que eu faço e precisamos de público, segundo porque é simplesmente sensacional você viver outra vida ou se interessar por outra vida que não a sua por pelo menos por 2 horas! Ah,mas tem que ser comédia, peloamordedeus! Nada de drama, pessoas doentes, guerra, catástrofe, e por aí vai. Não agora, não seja masoquista, você já tem problemas demais. Não é necessário ser comédia rasgada, tudo bem, um filme levinho, nada de muito complexo, a gente fica meio burra e fácil de voltar para o seu próprio umbigo. Lembre-se, rir faz bem, aumenta os leucócitos, te deixa mais imune a outras doenças.
Depois conto soobre a visita ao onclogista.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

5. Plano de Saúde Resolvido

Algumas pessoas me perguntaram o que eu fiz em relação ao plano de saúde, afinal, estava ficando pobre já que tinha optado, antes, por um plano só de internação, os meus examos eram semestrais e baratos, e o médico da minha filha não era do plano, fiz as contas, noves fora,vou ficar um tempo assim. Mifu. Então, resolvi, voltar ao tradicional, está tudo certo, não vou fazer rifa e nem vaquinha entre os amigos, apesar de achar uma boa idéia, tenho planos de viajar com a minha filha e minha mãe em julho para comemorar nos EUA pós Obama. Eu NY, minha filha Orlando e minha mãe Miami. Isso que realmente chama-se conflito de gerações. Ah, brincedeirinha sobre a vaquinha, viu?
Depois conto a visita ao oncologista.

domingo, 19 de outubro de 2008

4. Continuação do anterior

Então, mandei para mais 02 amigas queridas. Uma já me respondeu e disse, vai fundo dane-se o motivo, e mais ou menos assim: tudo vale a pena se a alma não é pequena viva Pedro Luis. Aí resolvi continuar por enquanto. Porque na verdade, quando recebi o diagnóstico, não consegui chorar ,urrar, ó meu Deus, e nem me descabelar (kakakakakaka, me descabelar agora é impossível!), e fiquei quase culpada por isso, resquícios do cristianismo do vovô Bessa, certamente, e do manto sagrado que se coloca sobre o assunto. Não quero diminuir o peso da situação e sei o quanto ela é grave em muitos casos, toc,toc,toc, mas sinceramente, passado o susto inicial, nunca achei que fosse morrer. E realmente ainda acho. Ou melhor, não acho. Confesso,quase envergonhada, que pensei, putz, vou colocar peitos novos e da maneira que eu quero! Quem experimentou os velhos, ok, tem milhagem. Pensei nas diversas mulheres que poderia ser com perucas diferentes, e na verdade, por não ter noção do que vinha pela frente, me auto-sacaniei ( com a reforma ortográfica será "autosacaniei" ?) o quanto pude. Me ajudou bastante. Fora, é claro, saber que câncer de mama hoje é realmente curável, e todo mundo conhece alguém, amigo de alguém, a mãe, a sogra, etc, etc que já passou por isso e está ótima! Atenção, este "está ótima!"é de regra. Se a pessoa morreu, não pergunte. E se alguém estiver contando e parar no meio, não queira, de maneira nenhuma saber o final, a pessoa citada certamente deu uma morrida, e isto não fará bem. Você começa a contar nos dedos da mão direita e da mão esquerda quem morreu e quem não morreu e vira uma espécie de ibope do cancêr, pesquisa de boca de urna, um inferno. Melhor ir concordando com a conversa, balançando a cabeça, ham, ham, mas ficar pensando em outra coisa. Além do que você vai achar que na verdade todo mundo teve câncer de mama e só você não sabia!

3. Porque escrever sobre isso?

Resolvi escrever sobre ter Câncer e as sensações que a doença desperta simplesmente porque não me sinto com Câncer, dá pra entender? Quer dizer, me sinto, mas não da maneira que estamos acostumados a ver por aí, digamos, na mídia. Porque acredito que tenha muita gente que sente o mesmo que eu, eu queria compartilhar e fazer alguma coisa com esta sensação. Já tinha pensado várias vezes sobre o assunto, afinal, se a vida te deu um limão, faça uma caipirinha. Pensei em me engajar na campanha sobre o câncer de mama, procurei sites sobre o assunto, fui na caminhada, muito legal, fiz o caminho de santiago de quem recebe a notícia que está com Câncer. E mesmo achando tudo muito relevante e importante, nada me fazia sentir melhor. Até que, numa grande livraria, fui parar na sessão de auto-ajuda (é impossível não ir até lá quando somos pessoas com câncer) e vi um livro "Cancêr, e agora", de Kriss Carr. Gostei da capa, bem bonita e que nem de longe parecia tratar deste assunto. Li a orelha, beleza. O prefácio era da Sheryl Crow, uma espécie de mulher gata que ainda cantava e compunha bem. Comecei a ler ali em pé, perdi o cinema que ia na meia hora seguinte e só larguei porque senão no dia seguinte já teria acabado. Tinha me apegado ao livro. E tinha achado uma maneira de rir de mim mesma. Fundamental. Quando acabei de ler, pensei,eu quero fazer isso! Escrever e compartilhar com pessoas com quem eu tenho afinidades.
Liguei para minha amiga, marida, sócia, comadre RRRRôse ( gosto de chamá-la assim), e contei. Ela, legal Clélia, excelente, escreve sim, maneiro. Esqueci de acrescentar um adjetivo pra ela: Animada! Nós somos sócias e amigas desde 1993, eu acho, e faz tempo que sempre compartilho com ela as coisas mais importantes da minha vida. Por causa dela as palavras "na saúde na doença, na alegria e na tristeza, para amar e respeitar e blá, blá, blá...... existem. E não rola sexo. É uma sorte ter uma amiga assim. Na verdade, quando esboço fazer alguma coisa ela sempre me anima, é como que se eu me desse mal, no problem, ela estará por ali por perto.
Aí cheguei em casa, abri um blog e escrevi de tacada. Neste momento que escrevo, ela ainda não leu nada, e se ela não gostar talvez seja a última postagem, não me arrisco a seguir em frente publicamente sem ter certeza que ela vem logo atrás, tocando o pandeiro.
Bom, aí mandei pra minha mãe, que até o momento não leu pq estava muito ocupada jogando buraco virtual, e pra minha Tia.com (é assim que ela assina atualmente) que é a RRRRRRôse da minha vida em família. Essa então me acompanha desde sempre, mas de uns anos pra cá, que eu estou quase da idade dela, ficamos mais amigas. Ela leu e fez um comentario do tipo: você é muito corajosa de se expôr assim.., Aí eu pensei: será que sou corajosa ou exibida? Estou pensando ainda, e como o dia está chuvoso e devo ficar em casa, vou ter muito tempo pra pensar. Mandei para a minha amiga Vieira também, outra marida que eu tenho. Essa joga pesado e vai me fazer um monte de perguntas.

sábado, 18 de outubro de 2008

2. Como contar?

Dias depois...

Agora que já tinha certeza, precisava contar para os amigos mais próximos, e principalmente para a filha, que neste momento vivia o esplendor dos quase 12 anos. Primeira menstruação, hormônios a mil, humor inconstante, enfim uma pré-adolescente. E qual é a coisa mais importante para uma pré-adolescente no mundo? os cabelos! E qual é a primeira mudança radical no visual de uma paciente de câncer fazendo quimioterapia? A queda dos cabelos! Fora estarmos vivendo momento, digamos, tão diferentes, como abordar?

Bom, vamos por partes. Para os amigos mais íntimos um email mordendo e assoprando, do tipo, estou com câncer de mama, não se preocupe, descobri a tempo, não vou morrer, te amo, um beijo , tchau. As mais variadas respostas, estou passando aí e uma solidariedade incomensurável.

É realmente muito bom ter amigos, tudo que eles dizem a favor neste momento faz seu coração bater palminhas, que nem aquelas almofadas em forma de coração com bracinhos que se vende nas rodoviárias e afins. Como você não consegue pensar em outra coisa, natural , é bom ter amigos diferentes para alugar o ouvido em horas e com diferentes amigos. Não dá pra jogar tudo num só! Até porque vc fica aliviado e o pobre do amigo tem que tomar banho de sal grosso. cruzes. E o que é pior: vai te evitar. Se possível, é bom ligar para o velho e bom psicanalista para te ajudar a elaborar e encaixar o golpe e pedir o colinho dos amigos, mais bacana. Eles se sentem mais úteis e mesmo que seja para ver a novela do seu lado é uma delícia . E como dizia Barão de Itararé: de onde vc não espera nada é que não vem nada mesmo: aquele amigo casual, que vc encontra na noite, ou nos eventos que vc vai, esquece. Ele não é seu amigo e só atrapalha, porque fica te olhando com pena e tem sempre uma estória pra contar. Quando vc quer esquecer que está com câncer, o cara vem, faz ts,ts, balançando a cabeça, te segura pela mão e pimba, te faz lembrar. Um mala.

Bom, eu tenho sorte. Tenho bons amigos e um grupo de amigas mulheres muito próximas, com filhas mulheres amigas da minha filha. Ou seja, reação em cadeia,uma espécie de clã feminino que se ajuda bastante e é muito solidária.

Aliás, foi minha amiga Patrícia (todo mundoda minha idade tem uma amiga chamada Patrícia !)foi quem me deu um toque, depois de eu comentar, assim que contei para um ex-namorado: nossa Patrícia, vc viu fulano, ficou com uma cara constrangido, mais triste que eu, que baixo astral! Pô Clélia, conta devagar, vc acha que todo mundo é assim que nem vc? O cara ficou triste, normal, vc conta assim na lata.
Pois é, é bom ter cuidado ao contar, quanto mais velha (o) e /ou hipocondríaca (o) seja o amigo, mais pé na cova você estará! E depois fica difícil retomar a conversa, fica aquele clima estranho. Ele se sente na obrigação de te dar força, e algumas vezes pinta aquele olhar pra vc do tipo: que pena, não chega no Natal.

Bom, precisava então contar pra minha filha, afinal, ela já estava odiando meu ex achando que eu estava assim, meio triste, por causa dele... . Era bom conversar logo antes que ela começasse a odiar os homens naquele momento e nunca mais resolvesse a questão. Terapia por anos.
Então resolvi : fui pegá-la na escola, fomos jantar fora e eu com um chopinho e ela com suco de laranja, tivemos uma conversa maravilhos. Mamãe está com câncer de mama, vai acontecer um monte de coisa na nossa vida, vai cair meu cabelo, às vezes vou ficar de muito mau humor, depois vou ter que operar e tirar a mama, algumas pessoas não sobrevivem a esta doença mas a mamãe vai ficar boa. Sabe Flora da "Favorita"? Já teve. É, a bicho ruim mesmo! Pois é, na vida real ela não é má, teve câncer igual o da mamãe e chama-se Patrícia Pilar. E fulano, e beltrano, e sicrano? Pois é. Também. Assim fomos conversando e eu contando que ia usar peruca, uma de cada cor, e 'blá, blá, blá, blá. Demos risadas e tirei um peso das costas. Por uma semana podia pedir qualquer coisa que ela fazia. Pega o controle remoto, dá uma água, arruma seu quarto, que tal estudar, etc. O tempo foi passando, ela acostumando e agora é: pô mãe, só pq vc está com câncer?! Eu heim, dá um tempo! E bate a porta me deixando falando sozinha. A vida segue, inclusive minha filha está passando para a adolescência e eu não posso esquecer disso.
Depois conto a visita ao oncologista.

1.O primeiro diagnóstico a gente nunca esquece!

Maio de 2008.
Tinha acabado de levar um pé na bunda e estava tomando aquelas resoluções clássicas! Cortar o cabelo, comprar umas roupinhas baratas e diferentes, trocar alguns móveis de lugar para não ver o fantasma do ex circulando pela casa, ligar para os amigos que você não via há tempos porque estava muita apaixonada, lavar o tênis para andar na Lagoa e queimar alguns quilinhos extras que sobram depois de uma relação estável, ir ao dentista para ficar com o hálito refrescante e os dentes brilhantes, e ir ao ginecologista dar uma geral no estilo "lavou tá novo"!
Minha médica, Oi Clélia, ok, não esquece de trazer os exames antigos, ok? Beleza. Duas semanas depois e três cancelamentos. Os exames de sempre, ai que saco, ainda bem que tem laboratório perto do escritório, ótimo vou de bicicleta e aproveito faço um exerício,etc, etc. Mais duas semanas depois e está tudo muito bem, está tudo muito bom, mas, nam, nam, nam, nam, vamos fazer uma ultrasonografia, não estou gostando disso aqui, olha só, 8 meses que você não fazia, agora mais rápido por favor. O apressado come cru, mas o descansado passa fome! Oi Claudinha (minha ginecologista) vou mandar deixar aí os exames e dou uma passadinha depois, ok? Telefone: a neurótica da minha ginecologista, graças aos céus, zelosa, liga e diz: acho melhor você dar uma passada aqui e com tempo. Quando sua médica diz que precisa falar com você com tempo e isso não parte de alguém que quer esticar o programa, fique alerta! na maioria das vezes é papo sério. Não tem chopinho no final e muito menos ela quer discutir a relação.
03 horas depois da consulta, já tinha dado mais 50 googladas, tentando entender o mundo maravilhoso dos termos médicos.
02 dias depois mais exames e menos concentração nas compromissos agendados na semana.
03 dias depois, um pouco mais pobre porque o plano de saúde não cobria determinados exames (quis economizar em outro momento), e mais atarantada com a rapidez dos acontecimentos, PÁRA TUDO!
Oi Guru (como me refiro ao meu médico de plantão particular) está acontecendo isso, isso e aquilo, o que você acha? Me indica um mastologista, por favor. Por causa da influência do mesmo, o que só tinha data em agosto abre uma brecha na agenda.
Dessa vez, na companhia da amiga mais prática, objetiva e pragmática, é, parece que é, vamos aprofundar o caso, mais exames.
Ressonância Magnética e R$ 1000,00 reais mais pobre, e desta vez na companhia da mãe, resultado em 05 dias. Pimba.
Não é um, são 03.
Merda.
Mais exame, biópsia, qual é o tipo, corpinho, densidade, cpf, identidade, se eles são apressadinhos, se estão acomodados, enfim, vamos encarar o bicho.
Ah, e mais R$ 1500 reais mais pobre.
Foi a pior espera da minha vida. Não dava pra pensar em mais nada, nem um chopinho de happy hour , nada. É praticamente impossível falar besteira numa hora em que se espera um diagnóstico como este.
Volta no médico, desta vez com a tia e a mãe. E nenhum compromisso profissional agendado na semana. Já sabia o resultado e só esperava uma explicação, um milagre ou o grau de gravidade.
Puta merda, porque comigo? Fui uma boa aluna, sou uma boa filha, boa mãe, amiga, nunca fiz mal a ninguém (que me lembre), faço feira orgânica, dou cesta básica no Natal, digo com licença, por favor e obrigada. Sou do signo de câncer, tudo bem, mas o que uma coisa tem a ver com a outra?
Teto preto, silêncio, estátua. Como ser forte com a mãe do lado? Posso ir ao banheiro, por favor?
Vamos lá Dr. o que fazer?
Como disse antes, o apressado come cru, mas o descansado não come! Vamos ser rápidos, positivos e operantes: Você conhece um oncologista?
Eu realmente estava com câncer, e, para quem odeia filme de terror e supense, imagina só o tamanho deste C-Â- N-C-E-R.
Ia agora começar um novo momento. Teria que ser prática e objetiva, afinal de contas tenho uma filha de 12 anos! Tinha que resolver o plano de saúde, contar para as melhores amigas, bla, blá, blá.
Quando comecei a me livrar da burocracia é que caiu a ficha: caralho, e agora, o que eu faço?
Chorei e chorei e chorei, até ficar com o nariz muito entupido e os olhos muito inchados. Queria ficar sozinha, e sofrer tudo de uma vez ali até a última ponta até esgotar. E esgotou. Dou umas choradas de vez em quando, normal, mas não fiquei, como nunca fui, uma pessoa chorosa.
Sempre que ouvia falar de câncer era aquele pavor. Meus pais perderam um casal de melhores amigos com câncer, mãe de amiguinho da escola, pai de namorado, era um rastro digno de faroeste. Sabia que não era mais assim.
Comecei um novo momento.
E esqueci de dizer que minha mãe e minha tia acharam meu mastologista um gato. É que elas não conheciam ainda o meu oncologista.