quarta-feira, 22 de outubro de 2008

8. Vamos ao oncologista. tchan, tchan, tchan

Como dia o Jack, o estripador, vamos por partes. Sou produtora, convivo com prazos, cronogramas, e, como tenho uma memória horrorosa, escrevo todas as datas importantes senão esqueço para todo o sempre. Já esqueci até quantos anos eu tinha, acredite, e não escondo idade, ainda. Esqueci o ano que me formei, e agora que fui dar aula na PUC e me pediram o diploma é que lembrei, que além de não ter ido nunca mais lá, nem para pegar o diploma, não lembrava nem o ano. Tive que recorrer aos universitários! Literalmente, aos meus contemporâneos.
Minha primeira visita ao mastologista, com minha tia e minha mãe, foi no dia 21 de maio. Tudo 2008. No dia 4 de junho, foi confirmado o CA. No dia 12 de junho foi a visita ao oncologista. Pensa bem, eu estava sem namorado (recapitulando, levei um pé na bunda), e no dia dos namorados estava indo na minha primeira consulta ao oncologista! Programão imperdível, quase deprê, e sem direito a encher a cara depois, nem ia pegar bem!
Mas tem mais: saímos do Jardim Botânico para Copacabana e resolvi ir pelo Túnel Velho. Então, passamos obrigatoriamente por onde? Adivinha? Pelo cemitério!!! Aí foi demais pra mim. Seria uma premonição? Isso queria dizer alguma coisa? Seriam os Deuses Astronautas? Falei, mamãe, é um toque do além... mentira, não falei isso pra minha mãe não, só pensei. Do jeito que ela é impressionável, seria capaz de entrar em parafuso.
Sempre tive uma certa antipatia por Copacabana. É difícil ir até lá, não tem lugar pra estacionar, é longe pra ir de bicicleta daqui de onde eu moro, um leve caos urbano e os dentistas, ah ,os dentistas, numa espécie de combinação geográfica territorial, atendiam todos naquela área. Que mora no Rio sabe disso.
Agora, confesso, amo Copacabana. Além de Claudio, Noca e Lara morarem num apartamento delicoso por lá, meu mastologista e meu oncologista atendem neste nobre bairro. E eles são as pessoas, decididamente, em quem eu mais confio neste momento da minha vida. Além de tudo, são lindos, maravilhosos, sensacionais, gatos, competentes, agradáveis e etcccccétaras. E casados.
Depois conto como foi a minha visita ao oncologista, rsrsrsrs

Um comentário:

Melanie disse...

Como meus colegas comentaristas, também li de uma tacada só. De forma muito charmosa, Clélia (de quem desconhecia os dotes da escritura, mas conhecia os do volei por exemplo)nos aproxima da vida que segue. É divertido e é sério. Chaplin disse que a diferença entre a tragédia e a comédia reside numa simples abordagem, numa mudança de foco. Na tragédia, o sujeito cai da escada e quebra a coluna. Na comédia, ele cai da mesmíssima escada, se levanta, sacode a poeira do paletó, ajeita a flor na lapela e sai andando lampeiro. Os dois generos se alternam em nossas cabeças o tempo todo. Mas graças a Deus, nos colocamos do lado dos que saem dançando sobre os fatos da vida. Pois é o que eles são. A vida, simplesmente.