domingo, 19 de outubro de 2008

3. Porque escrever sobre isso?

Resolvi escrever sobre ter Câncer e as sensações que a doença desperta simplesmente porque não me sinto com Câncer, dá pra entender? Quer dizer, me sinto, mas não da maneira que estamos acostumados a ver por aí, digamos, na mídia. Porque acredito que tenha muita gente que sente o mesmo que eu, eu queria compartilhar e fazer alguma coisa com esta sensação. Já tinha pensado várias vezes sobre o assunto, afinal, se a vida te deu um limão, faça uma caipirinha. Pensei em me engajar na campanha sobre o câncer de mama, procurei sites sobre o assunto, fui na caminhada, muito legal, fiz o caminho de santiago de quem recebe a notícia que está com Câncer. E mesmo achando tudo muito relevante e importante, nada me fazia sentir melhor. Até que, numa grande livraria, fui parar na sessão de auto-ajuda (é impossível não ir até lá quando somos pessoas com câncer) e vi um livro "Cancêr, e agora", de Kriss Carr. Gostei da capa, bem bonita e que nem de longe parecia tratar deste assunto. Li a orelha, beleza. O prefácio era da Sheryl Crow, uma espécie de mulher gata que ainda cantava e compunha bem. Comecei a ler ali em pé, perdi o cinema que ia na meia hora seguinte e só larguei porque senão no dia seguinte já teria acabado. Tinha me apegado ao livro. E tinha achado uma maneira de rir de mim mesma. Fundamental. Quando acabei de ler, pensei,eu quero fazer isso! Escrever e compartilhar com pessoas com quem eu tenho afinidades.
Liguei para minha amiga, marida, sócia, comadre RRRRôse ( gosto de chamá-la assim), e contei. Ela, legal Clélia, excelente, escreve sim, maneiro. Esqueci de acrescentar um adjetivo pra ela: Animada! Nós somos sócias e amigas desde 1993, eu acho, e faz tempo que sempre compartilho com ela as coisas mais importantes da minha vida. Por causa dela as palavras "na saúde na doença, na alegria e na tristeza, para amar e respeitar e blá, blá, blá...... existem. E não rola sexo. É uma sorte ter uma amiga assim. Na verdade, quando esboço fazer alguma coisa ela sempre me anima, é como que se eu me desse mal, no problem, ela estará por ali por perto.
Aí cheguei em casa, abri um blog e escrevi de tacada. Neste momento que escrevo, ela ainda não leu nada, e se ela não gostar talvez seja a última postagem, não me arrisco a seguir em frente publicamente sem ter certeza que ela vem logo atrás, tocando o pandeiro.
Bom, aí mandei pra minha mãe, que até o momento não leu pq estava muito ocupada jogando buraco virtual, e pra minha Tia.com (é assim que ela assina atualmente) que é a RRRRRRôse da minha vida em família. Essa então me acompanha desde sempre, mas de uns anos pra cá, que eu estou quase da idade dela, ficamos mais amigas. Ela leu e fez um comentario do tipo: você é muito corajosa de se expôr assim.., Aí eu pensei: será que sou corajosa ou exibida? Estou pensando ainda, e como o dia está chuvoso e devo ficar em casa, vou ter muito tempo pra pensar. Mandei para a minha amiga Vieira também, outra marida que eu tenho. Essa joga pesado e vai me fazer um monte de perguntas.

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