sexta-feira, 29 de outubro de 2010
91. Saudosamente me despeço de vocês!
terça-feira, 20 de julho de 2010
90. O Mundo Maravilhoso do Sutiã
Costumamos seguir uma rotina e euzinha todo dia faço tudo sempre igual, acordo, lavo o rosto ou tomo banho, escovo os dentes, passo demoradamente um hidratante , visto a calcinha e o sutiã. Epa, perai!! Sutiã?!! Há, há, há, aqui a coisa mudou, ah mudou, e ganhou um colorido especial. Por anos repito o ritual e há anos olhava os meus seios meio de banda, desde sempre eles não foram assim, como dizer, uma.... Brastemp. Gostava deles porque gosto de mim, sou canceriana e me apego a tudo e a todos que me dão prazer. E eles sempre me deram prazer, do sexo à amamentação, momento em que eles viraram dois melões gigantes, de 42 para 48, quiça 46. Depois que a fase acabou, já imaginou qual o resultado, né? Fora isso, com toda sinceridade, eles não eram nada, nem de longe o “modelo” ideal. O fato é que minha descendência indígena se fez presente, e diria que 80% dessa presença se deu nos meus seios, num traçado divino pelo GPS da natureza. Pois é, filmou? Pense naqueles documentários do Discovery, nos filmes do Xingu...Agora lembra? Então, é isso. Eles pendiam para a lateralidade e o teste do lápis poderia ser feito tranquilamente com uma garrafa Pet de 600ml. Juro! A lei da gravidade se abateu naquela região quanto eu tinha apenas 20 anos! Estava mais para uma índia velha do que para Iracema, a virgem dos lábios de mel. E para completar, eles eram manequim 42 nos 23 dias que ante-antecediam a menstruação e nos 03 dias que antecediam a menstruação ele crescia para 46, e aí ficava até mais interessante e seriabem mais proveitoso se a TPM não viesse junto. Voltando. Então na hora de colocar o sutiã sempre rolava uma inveja branca das moças que colocavam um sutiã feito como quem bebe água! Agarrava um óddddddddddio. Agora, a situação mudou, eba. Meus seios estão bemmmmmmmmmm mais bonitos. Agora que o conforto se instalou e o corpo se acostuma com a nova situação fico embevecida e admirando a modificada que driblou a natureza mesmo que motivada por uma má notícia. Além do fato clínico, afinal meu médico é um artista , convenhamos, tem o lado psicológico da história! Eu afirmo que o Dr. Maurício , que é um grande mastologista tem também um quê de terapeuta, ele mudou a minha vida e vou falar o motivo agorinha mesmo. Hoje, com um seio novo e o outro recauchutado eu posso me dar ao luxo de ficar “SEM” sutiã quando quiser e isso mudou meu astral pela manhã! O meu ritual ficou mais interessante, e ali coladinha com essa mudança, vem a mudança de guarda roupa, lógico. Sou da época em que os sutiãns não tinham muitos recursos, aliás nenhum, então sempre tive dificuldades usar os seguintes modelos:
a) Costas nuas
b) Tomara que caia
Nossa, como eu queria poder ter usado mais vezes uma ou outra, todas a ocasião que tentei não davam muito certo e minhas “gambiarras” geralmente eram desastrosas, não seguravam a onda até a manhã seguinte. Em conseqüência dessa mudança abriu-se um novo mundo, “o mundo maravilhoso dos modelos de sutiãs”! Meu Deus, onde andavam esses estilistas que fazem essa peça feminina virar a PEÇA de roupa incrível no guarda roupa de uma mulher? O que são esses modelos, cores, alças, tecidos e estilos tão diferentes?
E aqui vai uma dica para mulheres que vão fazer reconstrução de mama: vá guardando dinheiro desde já para esse momento e para experimentar modelos incríveis de sutiã que estão disponíveis no mercado , você vai precisar dessa economia até passar a fúria consumista inicial que se apossa de você depois de tirar o dreno, vestir uma camisa listrada e sair por aí! Camisetas cavadas, blusas mais transparentes e tudo o mais tudo fica lindo! Pelo menos pra mim foi assim.
A gente pode também ser protagonista daquelas cenas de filmes americanos que tratam do cotidiano de uma mulher divina e descolada. Ela coloca ou circula pela casa com uma camisa branca de algodão e uma calçola rasgada mas fica super linda! Pois eu afirmo, metade dessa confiança tem relação com os seios!
Pois bem, agora que eu começo a me a costumar e gosto muito dos meus seios novos é inevitável que eu mude um pouco o guarda roupa, claro, e começei pela minha gaveta de gaveta de calcinha e sutiã e aos poucos fui deixando pra traz uma Clélia mais inibida. Cada sutiã que separava para jogar fora ou doar era uma situação diferente que me lembrava e que agora ficava pra trás. Foi um alívio!
Depois que fiz essa “limpa”, saí para comprar uma blusa costas nuas, experimentei e ficou linda! Virei de costas e me toquei, caraca, a minha cirurgia de mastectomia me deu uma cicatriz de meia costa, bem na marca do sutiã! Ah, quer saber? Tô nem aí, a minha cicatriz é linda, faz parte da minha história e não me constrange nem um pouco. Tô louca pra comprar um tomara que caia.
sábado, 29 de maio de 2010
89. Quase 100!
Dois anos depois do início do meu tratamento quando dei início ao blog e um mês depois do último post, retorno ao puxadinho com um novo corpo. Pois então, cheguei ao final do processo de restauração mamária, refiz o bico do seio mastectomizado e reconstruído em fevereiro, que ficou lindo como uma flor e claro, dei uma geral no outro seio. À a partir de agora eles vão olhar pra frente! E na mesma direção!
Tenho pensado seriamente em encerrar esse ciclo por aqui também, o fim do tratamento e o início de um novo momento, quem sabe um blog sobre cinema, amores, culinária, criação de filhos, enfim, milhares de outros assuntos que me rondam todo o dia, da hora que levanto ao boa noite John Boy, boa noite Mary Ann.
Essa última cirurgia foi tranqüila, já estou em casa e sem muitas novidades em relação à recuperação. Tudo na mais perfeita ordem, braço um pouquinho sem movimento mas já sabendo que tempo tem. Essa situação eu já domino e ao abrir os olhos já pensava nos modelitos de verão, na Copa do Mundo e nas Eleições.
Como estou com uma certa dificuldade em teclar, vou me dar mais uma chance e fazer um novo final. E com certeza vários começos.
domingo, 25 de abril de 2010
88. MÃE, QUERO VOCÊ SÓ PRA MIM!
Quando a gente passa por um câncer de mama e tudo o que isso significa – milhares de exames, quimioterapia, radioterapia, cirurgia de mastectomia, cirurgia de reconstrução, ufa!, É um período da vida no mínimo, emocionante. Normalmente os nossos familiares passam por isso junto, ali do nosso ladinho, às vezes atrapalhando, vezes dando força e às vezes não fazendo nada. Alguns deles ficam doentes junto com a gente e outras vezes os colocamos doentes juntos. Isso é um perigo. É muito difícil para uma família viver um câncer, ele pode facilmente desestruturar a rotina que ia ali numa vidinha sem muitos sobressaltos a não ser os de sempre. Tem família que o câncer dá uma sacudida, uma reviravolta louca, algumas pendem para o bem e outras para o mal, mas nenhuma passa ao largo, jamais a família será a mesma. Aqui mesmo no blog já ouvi relatos dos mais diversos, de marido que não sabia o que fazer com a mulher mastectomizada, da mulher mastectomizada que deu um pé na bunda do marido, da filha que estava com medo de perder a mãe, de casal que mudou totalmente de vida, enfim, de tudo!
No caso da minha família nuclear - pai, mãe, irmãos, sobrinhos, cunhado – nós já estamos, digamos assim, experientes. Vivemos dois processos bem distintos: o meu câncer, que começou em maio de 2008 e neste momento não existe mais (espero que nunca mais, toc, toc, toc...), e o do meu pai, descoberto em janeiro de 2010 e infelizmente vencedor em setembro do mesmo ano, quando o meu pai faleceu em casa, ao lado dos filhos e da mulher. Nos dois casos, é claro, começamos a briga em posições diferentes. O meu, desde sempre soube que era controlável, o que me permitiu sair por aí, lá, lá, lá, lá. Já o do meu pai foi uma bomba relógio, o víamos definhando a cada dia, ele foi perdendo a esperança, o olhar ficou mais distante e a fisionomia mais tensa pela dor que sentia. Foi muito triste vê-lo indo embora e aí que penso na minha mãe, que passou por 02 cânceres, um com perda ...É preciso ser macha!!! E a D. Rose é cascuda! Perder um companheiro de 48 anos e ainda apaixonado deve ser de danar! É preciso ter paciência para o tempo agir e as lembranças boas possam ressurgir. Mamãe é uma pessoa de muita energia, como já falei aqui tem uma força de “bateria de escola de samba”, inclusive é meio barulhenta, meio italiana, um bom humor (com exceção quando é acordada!), mas vai do bom humor ao drama numa velocidade estonteante, chega a ser engraçado! Quando fica quieta, calada, sorumbática, pode ter certeza que ela está triste.
Estou falando da minha mãe porque esses dias sozinha com a Elisa foram bem interessantes para nós. Ficávamos juntas todo o tempo, percebi claramente como ela amadureceu, o quanto a minha doença mexeu com ela, conversávamos como adultas.
E foi aí que senti muitas saudades da minha mãe. Como deve ter sido difícil pra ela acompanhar todo o meu processo, como deve ser difícil viver com possibilidade de perder um filho, afinal, o câncer mata, e como mata. Foram 02 anos muito difíceis para a Rose...
Bom, tudo isso pra dizer que a próxima viagem seremos eu e ela e será para Buenos Aires! A cidade tem duas coisas que mamãe adora: uma comida espetacular (demais!), e o como o nosso dinheiro está forte e o peso baixo, estamos com um poder de compra considerável! E ainda tem o tango, mamãe ama dança.
Uma viagem será muito bom para renovarmos nossos votos de mãe e filha, amigas para sempre.
domingo, 18 de abril de 2010
87. Férias na Patagônia?! Terra do Fogo é o RJ!
quinta-feira, 8 de abril de 2010
86. Quando a Arte imita a Vida
quinta-feira, 18 de março de 2010
85. RIR PRA NÃO CHORAR!
Já (quase) recuperada e a todo vapor! Estou no exato 27° dia pós cirurgia de reconstrução da mama esquerda.
Prezados leitores deste blog, vou contar uma coisa pra vocês: nunca, na história dessa pessoinha que vos fala, a dita cuja aqui sentiu tanto desconforto na vida, vala-me Deus! Tenho a impressão realista que um caminhão me atropelou em alta velocidade. E veio um fusquinha atrás pra arrematar.
Como falei, estou (quase) plenamente recuperada. Já consigo dar minha caminhada (nada de bicicleta ainda), coçar as costas, limpar o bumbum, dormir de ladinho por algumas horas, amarrar o meu tênis entre outras singelas habilidades temporariamente fora de cogitação e já tirei alguns dos mais de 350 pontos que me faziam uma colcha de retalhos. Melhor assim, estou mais perto do que eu sou.
Nunca pensei que reconstruir fosse pior do que destruir e ouso dizer e finjam que estou falando bem baixinho, que a mastectomia foi mais relax. E agora vou dar uma declaração mais confidencial ainda: não há nada que me deixe mais de mau humor que uma noite mau dormida, e foram 15 noites desse jeitinho, insuportáveis. O único motivo que me deixa feliz em não dormir é sexo!!
Fora isso tudo bem. Já começo a me apegar ao seio novo, já acho bonitinho, não estranho sua forma extremaente juvenil e com certeza ficará mais bonito que o meu outro seio, que apesar e graças aos céus ser bem bem sadio já sente os efeitos da lei da gravidade, esta sim implacável!
E algumas dicas:
1) durante os primeiros 15 dias use aquele soutien anatomico, nada sexy mas necessário e que faz toda a diferença na sua recuperação. Não se importe com a imagem.
2) Passado os 10 primeiros dias, quando você se livra da camisa de força que é o soutien couraça, parta para aquele modelito que te dá possiblidades de colocar enchimento. Quando a gente faz a reconstrução em etapas como eu (primeiro reconstrução e depois o bico e o acertar o outro), nunca, mas nunquinha mesmo os dois ficam exatamente iguais. No meu caso um é 42 e o outro 44, quiça 46. Estou estranhíssima pelada.
3) Se puder, alugue uma cama hospitalar. Não é tão caro, em torno de R$ 150 reais por 15 dias e dá um conforto espetacular, além de uma grannnnnnnde autonomia.
No mais, só penso que este processo está chegando ao fim e que estarei gatita no próximo verão.
Por fim, o que mais me chateou foi não poder dar a minha gargalhada que eu tanto gosto. A sacudida que acompanha uma gargalhada realmente não combina com pontos e reconstrução!!!