sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

50. MASTECTOMIA: SÓ DÓI QUANDO EU RIO, E A VIDA NÃO TEM TECLA ESC.




Ok. Estou viva
Ok. Bem viva.
Ok. Estou mais viva que nunca.
Ok. Que bom que acabou esta etapa e o câncer se foi.
E só dói quando eu rio.

Pois então, operei dia 15 de janeiro e dia 17 já estava em casa, recebendo o carinho dos amigos e enfrentando a curiosidade “quase mórbida” natural dos porteiros e alguns vizinhos – “nossa, uma mulher que tirou o seio, deve estar sofrendo horrores!”...Ué, mas você já está de pé?”.... “Já vai trabalhar”?
É incrível como o que o seio representa no “conjunto da obra” de uma mulher. No caso de um seio mastectomizado, provoca curiosidade, uma pena velada, solidariedade, cuidado, ternura e por aí vai. Todos os sentimentos simultaneamente.
E sempre esperam de você uma mesma reação: tristeza infinita. Afirmo que a trsteza dura pouco, pelomenos pra mim.
E quando você não sente tudo o que esperam de você? Fazer o quê?
Me preparei bastante para o dia da mastectomia. Terapia, sal grosso, leituras (principalmente as que exaltam o espírito, já que o corpo estaria baleado), conversei com amigas, li sobre experiências parecidas e me senti pronta pro dia D!
Hãm Hãm. Vou te contar: é f...! Qualquer cirurgia é de “doer”.
Não esteticamente, mas fisicamente mesmo! Tive que tirar alguns gânglios e, portanto mexi com a axila... E daí? Tenta pegar na orelha oposta à cirurgia? E o azeite para repor que está na prateleira mais alta d armário? Nooooossa. Parece que fiz uma farra fenomenal na noite anterior, ou um sexo selvagem sado-masô em que eu fiquei pendurada numa espécie de pau de arara! Imaginou? Pois então, é isso.
Dói porque o músculo foi mexido e isso não tem preparação psicológica que dê jeito. É exercício, tempo e analgésico.
E se alguém vier te dar aquele abraço, previna-se ou então será aquele riso amarelo.
Se fiquei triste com o pós-operatório: sim.
Se estou triste: não mais.
Não que eu não esteja mexida, afinal, a dupla sempre me fez muito feliz por todos esses anos, e é incrível a harmonia divina dos 02 juntos. O que fica sozinho, coitado, fica meio desequilibrado.
E no mais, como ouvi um dia de uma adolescente em crise: “a vida não tem tecla esc, então, tem que encarar”.
E imediatamente penso:
1. Vou ter tempo para escolher meu “air bag” novo e pedir “ajuda aos universitários”.
1. Em julho, no meu aniversário, estarei nos trinques!
2. O meu câncer deve estar em algum lixo hospitalar (espero!), por aí e não é reciclável.
3. No carnaval já estarei recuperada.
E falo pra vocês uma vantagem:
É a dieta mais eficiente que eu fiz. Em 04 horas perdi 02 quilos!

sábado, 24 de janeiro de 2009

48. O QUE NÃO DIZER PARA UMA PESSOA COM CÂNCER

NUMÉRO 0: O CÂNCER NÃO É UMA SENTENÇA DE MORTE.
Portanto, nem todas as pessoas que estão em tratamento (quimioterapia) ou que fizeram cirurgia (mastectomia) ficam de mau humor ou de mal com a vida. Na verdade, quem já encara a vida assim, claro, mas quem ama a vida e tem consciência de que aquilo é uma fase, não. Me encaixo no segundo caso. No entanto, algumas coisas são comuns aos dois tipos e acho que posso enumerá-las “de cadeira”.

Frases como:
1. “Como você está abatida”, são proibidas.
2. “Nossa, vc não morre tão cedo, estava pensando em vc!”. JAMAIS DIGA ISSO PELAMORDEUS.
3. “Vi fulano (seu ex-namorado) no cinema com a fulana, lembra, aquela que dava em cima dele?” Isto é quase insuperável.
4. “Você precisa fazer a unha”. Lembre-se, quando fazemos quimioterapia, NÃO PODEMOS FAZER UNHAS”, aliás, sem cabelo e ir ao salaão de bezela fazer as unhas economizamos uma grana neste período.
5. Visitas pela manhã: Nunca. Esta hora a gente sempre acorda “meio pau, meio tijolo”. A quimioterapia às vezes dá uma enjoada, e com a mastectomia a gente demora a se vestir e ou se compor. E ligue antes de aparecer, que é o básico.
6. E de lei: não ligue para falar daquela “balada incrível, imperdível, maravilhosa que vc está indo” e muito menos diga; “puxa, que pena que vc não pode ir” ou pior: “ainda bem que vc não foi, estou numa resssaaaaca e minhas pernas estão doídas de tanto que dancei!”
7. Evite conversas sobre desgraças, do tipo terremoto, vendaval, enchentes e etc.. Já estamos vivendo uma fase meio ruim.
8. Não conte histórias sobre câncer com final pouco feliz. O câncer tem diferentes tipos e A MAIORIA tem cura.
9. Não conte histórias sobre o câncer com final feliz. A esta altura já sabemos mais do que vc imagina, cpf, identidade, enfim, já googlamos muitas vezes, além de falarmos com nosso médico com uma certa frequência.
10. Aliás, não puxe o assunto câncer. É o similar de pedir para aquele seu convidado músico “tocar aquela” no meio da festa de aniversário do seu filho de 10 anos.
11. Caso não veja a pessoa há tempos, já que muitas vezes saímos de circuito temporariamente, não diga: “nossa, tava pensando em te ligar”. Não ligou, pronto. Não precisa se desculpar. É pior...
12. Não entupa a caixa postal de email do estilo "mande para 12 amigas e seu pedido será atendido em 03 dias", acompanhado de um "pensei em você". Apesar de ser fofo, nos normalmente pedimos para ficar logo nos trinques e saudáveis, mas não conheço nenhum tratamento de câncer que dure menos de 03 meses.
E por aí vai...
O bom mesmo é dar um puta abraço e deixar que a gente se sinta à vontade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

47. PERCA QUASE TUDO, MENOS A VAIDADE E A POSE!




Sempre evoco minha avó Maredina quando começo a pensar no tema “vaidade”. Minha avó era danada, podia estar na maior saia justa, num aperreio danado, mas nunca perdia a pose, nunca. No auge da minha fase “hiponga” misturada com o comunismo de butique (lá pelos anos 80), onde praticamente mal lavava os cabelos e uma calça jeans era quase um insulto (o legal era andar com umas roupas que pareciam sacos de açúcar) era um ham, ham blasê interminável (acompanhado com um leve movimento de cabeça) quando ela insistia em repetir:"minha filha, você é tão bonita (qual avó não acha?) se arrume um pouco mais. Temos que ser vaidosas, cultivando a beleza do corpo, uma vez que ele é o templo da alma”. Achava aquilo duma frescuuuuura.
Claro que esta fase passou, e apesar de não ser nem 1/3 como minha avó gostaria que eu fosse, com o tempo fui valorizando algumas coisinhas relativas ao universo feminino.
Pois então. Nem sou muito vaidosa assim, mas pra quem tem câncer de mama a coisa fica bem difícil, nossa, o que já era complicado (estar meio gordinha e não caber na roupa adequada, aquela espinha que não curou, o pé que está um horror, e por aí vai...) agora dobrou, porque além de tudo isso, você fica careca!
Pois então, você que achava que já tinha problemas, vai ter que lidar com novos.
Peruca: Tente achar uma peruca legal, quero é ver. Quase impossível! Se não fosse a minha sócia e amiga Rooooooooooooose tomar para si a tarefa de procurar e pedir ajuda aos universitários (no caso alguns cabelereiros conhecidos do mundo do cinemal e TV) eu estaria ferrada. Foi uma pesquisa incrível que ela fez, admirável. Para alívio meu, e dela claro, ela achou uma bem lindinha, fiz até um personagem interessante quando saía por aí. Foram meses de dupla personalidade e tiração de onda, paqueras e pegadas mais afoitas (peruca mexe com a gente... nossa...).
Portanto, quando receber este diagnóstico desagradável, calma, não compre a primeira peruca que ver na sua frente (tendência imediata!) e ligue correndo para uma amiga te ajudar a procurar. Ou melhor, dê esta tarefa para uma amiga , há de ter alguém querendo te dar uma força, ora bolas. E calma, muita calma nessa hora. Experimente, leve na sua cabelereira, aprenda como lavar, secar, o que pode e não pode, veja onde vai guardar para não assustar as visitas ou deixar vulnerável às garras do seu gato (no meu caso), aliás, peruca é quase um animal doméstico!

Só que peruca e verão (a estação) definitivamente não são amigos! E por mais que a peruca seja linda, como foi no meu caso, pinta aquele “sai deste corpo que não te pertence”, e a vontade mesmo no verão é de ficar careca. É calor, é suor, com o tempo ela vai perdendo o jeito, enfim, um horror. No entanto, ficar careca full time não dá, e quando você tem uma filha adolescente, menos ainda. Se elas já te escondem naturalmente, imagina uma mãe careca indo numa reunião da escola? Periga ela fingir que não te conhece, e sua auto-estima piorar muito. Aí tem os lenços, os melhores chapéus, o boné adequado para a tarde e noite, e etc, etc. Queria continuar falando sobre isto, tenho assunto pra páginas e páginas, mas comento na próxima, estou tentando achar uma pochete (não! pochete não!!!!) que caiba o dreno pós-operatório.

Ah, a foto deste post é da Andrea Cals. E a gata é a nossa Marrie, emaranhada nos meus lenços..

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

46. ADEUS BUSH, ADEUS CÂNCER, ADEUS MAMA RUIM!


Operei na quinta, dia 15/01 e hoje dia 20/01, Dia de São Sebastião do Rio de Janeiro, passei todo em frente da televisão, vendo a incrível cobertura jornalística da posse do extraordinário gato Barack Hussein Obama. Bateu ali juntinho no meu ibope particular com o último capítulo da Favorita, impossível não ver. A posse tinha pinta de uma grande produção, com a presença de Spilberg e Dustin Hoffman e tudo, um luxo. Fiquei grudada.
Confesso que chorei. Até cantei o hino americano, ridículo da minha parte. Aproveitei e chorei por tudo que me aconteceu nos últimos tempos, mesmo que tenha sido estimulada toda hora pra isso (câmeras lentas, músicas de fundo, edições dignas de novela), mas me bateu uma esperança danada no futuro da humanidade. Lavei a alma mandando meu câncer pra lata do lixo (onde deve estar numa hora dessas, segundo meu pai) e os americanos mandando o Bush para o Texas, de onde ele jamais deveria ter saído. O vazio que eu senti no meu peitoral foi preenchido por um bobo orgulho de ver aquele negro charmoso, com uma mulher forte, ambos com um nítido preparo educacional, no comando de um país tão importante como os EUA. Tirei até uma casquinha, e fiquei feliz de ter o Jebb, pai da Teteca e marido da Tissi, como amigo. Além de tudo Jebb é de Chicago! Ali ó, quase cumpadre. E o David? Partaicamente um amigo de infância!
Guardadas as devidas proporções (e quanta proporção!), me sinto uma nação americana, que se livrou de um câncer e agora, a partir deste dia, só quer olhar pra frente e se reconstruir.
Eita, depois desta acho que ganho visto no passaporte de, pelo menos, 20 anos!
A propósito eu e meu pai passamos bem. Thanks. Yes, We Can.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

45.O QUE TODA MULHER DEVE SABER DEPOIS DE MASTECTOMIZADA.


Ok, ninguém está preparado para ser mastectomizada. Não é que nem estudar para o vestibular, tentar o mestrado, se preparar para a São Silvestre, para uma retirada das amídalas, fazer um filme de baixo orçamento, ou mesmo um final de semana “animado”.
Ninguém está preparado para ter câncer, é um susto e pimba, o geito é encaixar o golpe e ir em frente, foi o que fiz, numa boa, até porque o meu câncer é curável e tem data para acabar. Vencer etapas, todo dia, uma a uma, todo dia: queda do cabelo e de sobrancelha, um pouco de cansaço pós quimio, pés inchados, uma alimentação rigorosa e fui indo bem, e até aqui aprendi muita coisa, como já falei, sou uma pessoa bemmmmm melhor.
Mas, a mastectomia, vou te contar, é duro. Alguém pode, por favor, ensinar como os OUTROS devem lidar com uma mulher mastectomizada?
Vou te contar, gente, parece que eu morri! Com exceções, as pessoas te olham como se vc tivesse feito uma cirurgia de troca de sexo misturada com uma plástica de orelha de abano, com uma certa peninha, aiai, meio deprimente, cruzes.
Peraí gente, tudo bem, é difícil, mas vamos lá, né, estou bem, a vida que segue e em breve terei peitos novos. A cirurgia foi muito bem feita e eu continuo me achando bastante interessante, até meio diferente, exótica. E o que é melhor, bem viva, vivinha da silva.
Agora, cá pra nós, como é que pode ter um dreno tão feio e horroroso? Por um acaso foi um homem com raiva de mulher que criou este dreno? A coisa já não é muito fácil de se adaptar, no meu caso uns 30 anos com a dupla, e fica mais difícil ainda com isto pendurado, acreditem. Já até improvisei umas coisas... depois conto.
Acho que vou aproveitar as semanas de moda tão em voga neste verão tipo SPFW e propor a um dos estilistas moderninhos presentes que pensem numa maneira mais charmosa de se encarar um câncer de mama. Afinal, somos um mercado consumidor bem grande, infelizmente, cerca de 60 mil mulheres por ano!
Aliás, meu próximo post vai ser de serviços. Vou te contar, dá pra fazer “coisas”.

domingo, 18 de janeiro de 2009

44. Papai se manifesta


"Eu escrever no teu blog? Nada a ver. Teus leitores são de outra geração e de outras ideias. Não posso chegar que nem a Nora Ney, cantando mais ou menos assim - "Tirem os seus peitos do caminho, que eu quero passar com meu pulmão" – e achar que estou abafando.
Eventualmente posso passar por aqui, sim, mas só quando der na telha."
Ass. Papai
Ok seu Bessa, não é por isso que vamos brigar. Fique à vontade, a casa é sua.

43. Estamos com Câncer, e Daí?



Esta foto eu "roubei" do computador do meu pai, que na pasta dele estava nomeada "mico". Mas eu não acho não...

Tem gente que pode até achar estranho a maneira como estou lidando com o meu câncer, digamos, pouco convencional. Isso porque vocês não conhecem meu pai! Então, resolvi que a partir deste momento, este espaço é dedicado a contar não só como estou lidando com o meu, mas como o meu pai lida com o dele ou eu com o dele e ele com o meu e vice-versa. Acreditem, sou fichinha na frente dele. Tomara que ele se anime a escrever...
No dia que eu fui para a cirurgia, acompanhada da minha tia Doidora (como ela se intitulou), papai foi para a sua primeira consulta ao oncologista, acompanhado de minha irmã, mamãe e também da minha tia Dodora, que é o coringa da situação insólita que vivemos.
Meus pais moram em Niterói, o hospital onde me operei é no Rio, e o médico do papai também. Foi quase uma operação de guerra para conciliar as “agendas”, um esforço de reportagem! Ah, tem também meu cunhado com os 03 filhos de férias, além da minha Elisa que está pendurada nos programas deles. Aliás, foi fácil convencê-la a procurar outro programa que não me incluísse, bastou dizer: Elisa, mamãe vai fazer uma mastectomia (tirar um peito), o vovô e a vovó estão ocupados, se vira! O que ela fez, ainda bem, com a contribuição valiosa do meu cunhado Marcelo, o Magaldi, gente boa demais.
Continuando: Enquanto eu me recuperava da cirurgia, dia seguinte, meu pai saía de sua consulta ao médico com um quadro mais definido e com a indicação de 24 sessões de quimioterapia(que começam em 10 dias), além de radioterapia. No meio da consulta dele, dada a gravidade da situação, comentou com o médico: é, eu estou ferrado, mas tenho uma vantagem sobre o a Clélia: não vou ter que tirar os peitos!
Pôxa pai, assim você rouba minha cena!

sábado, 17 de janeiro de 2009

42. DE VOLTA PRA CASA







Madrecita, Karina, Graça, Engrácia, Cyrino, Juliana 3m, Anônimo 1, 2,3, Mariza, Beli, Casalqueseama, ,Lulu, Tice, Paola, Noca, Solange, Walter, Juca, Dile, Marta’s , Ana Flora, Gláucias, Rodrigo, Jorge, Rosário, Jê, Iafa, Ana Amélia, Vilma, Walkíria, Lobato, Elyane, Zilda, Virginia’s, David, Helena, Tininha, Andrea, Lulu, Fabi, Rosane, Dile, Violeta, Geraldinho, Claudia, Lucia’s, Luciana, Suzy, Ana, Rai, Lorena's, Lili, Silvio, Leila, Mariana, Chico, Silvia, Tereza, Babá, e blá,blá, blá.
Ah, e Mary, Mary que acabou de postar.
Alguns amigos, outros conhecidos, outros parentes e uns anônimos, porém presentes.
Operei às 14:00hs de uma quinta feira (15) e no sábado de manhã (17), já me colocaram pra correr, ainda bem, e já estou em casa. Obrigada pela força, reza, macumba, pensamento positivo, chocolates, revistas de fofocas, quadrinhos, flores que ficaram na portaria e etc. Deu tudo certo. Só dói quando eu rio. Mas estou com muita coisa pra contar, deixa só eu me acostumar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

41. ESTÁ CHEGANDO A HORA...
















Amanhã faço a minha mastectomia.. Sim, isso mesmo. Mas, como fiz uma lista básica do que fazer antes de me operar (topless, foto, olhar bastante e sugestões), vou ticá-las aqui e agora, senão, como fica minha credibilidade?

TOPLESS : OK
Foi lá no início de Ipanema, pedaço de praia colado no Arpoador, sozinha e em frente ao Hotel Fasano. Era um dia de pouco sol, final da tarde e dia de semana. Ou seja, praia praticamente vazia! Mas vale.
Em frente ao Fasano: por motivos óbvios. Como é cheio de gringo e hóspedes ilustres, e/ou ambos, a segurança é discreta porém eficiente. Então, pude tranquilamente deixar minha saidinha de praia, celular e bolsinha básica na areia mesmo. A portabilidade (palavra do mês) das minhas coisas era praticamente impossível!

Colado no Arpoador: Porque alguns amigos vão lá, e se fizesse topless e não contasse pra ninguém, qual a graça? Por sorte, encontrei 02 gatos pingados, mas fiquei com vergonha de contar, eram apenas conhecidos.

Sozinha: Ah, porque eu queria tomar uma taça de vinho rosê, com as pernas esticadas na cadeira do azulzinho olhando para a imensidão da Praia de Ipanema e Leblon, com o morro Dois Irmãos ao fundo e assim me des despedir dos meus dois irmãos aqui do peito.

FOTO DO COLO NU: OK
Quando coloquei no blog este desejo, minha querida Andrea Cals, amiga de longa data e fotografa, logo se prontificou: Eu quero fotografar! E numa tarde deliciosa de domingo, com vinho rosê mais uma vez e frutas, queijos e mate leão, fizemos uma tarde de peitos de fora, com a participação especial de mais duas amigas do peito: Fabi e Lulu. Uma pequena amostra das fotos aí em cima.

OLHAR BASTANTE NO ESPELHO E DEMORADAMENTE: OK
Todos os dias fiz isso, e além de descobrir que meios seios ficarão bem melhor depois da “geral”, descobri outras partes escondidas que não valorizava tanto. Sugiro a todas que façam isso também, cada dia a gente descobre uma novidade.

Estarei “fora da área de cobertura” por alguns dias, mas em breve volto para continuar a contar a minha estória, cheia de afinidades com a de muitas outras mulheres. Para amanhã, aceito rezas, pensamento positivo, nome no altar, meditação budista e por aí vai. Eu mesma espero que o meu cirurgião tenha tido uma excelente noite de sono e acorde de bom humor.

Até breve.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

40. GENTILEZA GERA GENTILEZA & REVISÃO DE CATÉTER


Dias desses fui levar uns exames do meu pai na Oncoclínica, onde ele será acompanhado pelo Dr. Sergio Allan no tratamento que se inicia em breve.
Lá fiz quimioterapia e é aonde atende meu oncologista “gato”, com todo respeito, Eduardo Bandeira de Melo. Aliás, esta fala, “com todo respeito”, já usada no último post é uma expressão emprestada do meu amigo Jê, que a usa como um lorde inglês, um luxo, cuidadoso que só com as amigas.
Bom, aproveitei a viagem até lá e fiz a revisão de quilometragem do meu cateter. Quando você tem um, é necessário mantê-lo sempre em ordem, você não precisa de mais nada para se preocupar, portanto, mantenha seu cateter limpo.
Não que eu queira usá-lo novamente, Deus me livre, mas caso isto aconteça ele tem que estar nos trinques.
Cheguei lá, aquela festa com as meninas da Quimioterpia, e aí, como vai, e as crianças, e tal. A gentileza de todos da Oncoclínica é nota 10 e eu digo e afirmo: é fundamental.
Quando você chega com câncer para o início de um tratamento você já está um lixo.
Já passou por máquinas, foi furada por agulhas enormes, te enfiaram em tubos claustrofóbicos, te chaparam algumas vezes, já colocou aquele avental horroroso, aberto na frente, aberto atrás, andou com aquele chinelinho contraceptivo de pra cima e pra baixo, enfim, seu corpinho (quase) não te pertence!
E você chega lá na Oncoclínica e eles te chamam pelo nome, é quase uma redenção, um paraíso!!!
Nunca pensei que me sentiria tão bem com alguém falando: Clélia, já está subindo seu prontuário, Clelia, onde vc fez seu exame de sangue para pegarmos, Clélia, como o Dr. Eduardo falou que seu exame de sangue não está tão bom, vamos marcar pra próxima segunda, Clélia, em qual braço posso aplicar...
Incrível, mas soa como música nos ouvidos, algo como: A senhora vai pagar com cheque ou cartão?
Portanto, quando você escolher com o seu médico o lugar do seu tratamento, leve em consideração este dado, que pode parecer uma bobagem, mas que fará você se sentir muito melhor, até esquece por que motivo está lá. O que é excelente para vencer o câncer.
E, claro, o lugar que você recomendaria sem medo, até para o seu pai!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

39. SEU BESSA, NÃO QUERO BRINCAR DISSO NÃO...


Como já falei aqui uma outra vez, minha mãe é minha escola de samba e meu pai é a minha bossa nova. Com diz a minha amiga Rôooooooseeee, "os opostos se atraem, mas não necessariamente se misturam". Neste caso, os opostos se atraíram e se misturaram até a última ponta. Não que a minha mãe não seja, longe de mim ( kakakakaka) , mas meu pai é tranquilo e discreto, firme e afetivo, ético e paciente, e de um humor fino e inteligente . É uma referência muito forte na minha vida e de outras pessoas que convivem com ele. É um prazer tê-lo por perto.
Pois então, meu pai é a mais nova vítima do câncer. E dessa vez foi quase impossível rir de alguma coisa, não teve a menor graça. Pra mim ele sempre foi e é invencível, meu super herói, e normalmente os super heróis nunca são acometidos pelas mazelas da vida.
Ficamos todos muito atarantados, mas por experiência própria aprendi que o câncer "não espera acontecer", a providência só é divina se for rápida e eficiente. Pois, nesta situação, minha experiência foi positiva! E resolvemos correr contra o tempo. Como super-homens, vamos tentar girar a terra ao contrário, mudar o rumo da história. No dia 15/01 me opero e foi muito bom saber que meu pai já está em boas mãos e mais seguro na situação, como eu me senti na época do meu dignóstico.
Desde já convoco nosso exército de cura, e mesmo que tenham gasto parte da munição comigo, vamos lá, avante! Vale reza (tia Tânia, Isabel, Família Cyrino e Freire,Lucia do tio Basinho), Dodora com sua eficiência, Babá e Djewry levantando o astral ali na retaguarda (com todo respeito) enfim, o que der e vier.
Mas mesmo nesse momento difícil para todos nós, meu pai, já atarantado com a minha atitude de
"rolo compressor", não perdeu o humor e mandou um recado pela minha mãe: "Rose, fala pra "baixinha" cuidar do câncer dela que eu cuido do meu!".
Esse é o seu Bessa.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

38.EU SOU O PIRATA DA PERNA DE PAU!


O ano, tecnicamente, começa hoje, certo? Junto com o ano, chegam as contas, que começam a pipocar por volta do dia 05. Este começo de ano pra mim é um pouco atípico, normalmente nessa época estaria tirando férias, planejando uma viagem, marcando d encontrar alguns amigos que pouco vi em 2008, cortando o cabelo, começando um regime, tomando uns chopinhos na praia no final do dia, indo a todos os filmes que pudesse, começando um livro novo bem grande que tinha ficado para esta época, coisas assim, bem verão e férias. Ao contrário disso, estou indo a todos os laboratórios de análise clínicas que eu conheço me preprarando para a operação, e aqui vale um comentário. Você já contou quantos laboratórios e quantas farmácias tem perto da sua casa? Fora os Pet Shops, que crescem alucinadamente, acho que os dois estão bem próximos desta marca. E o Brasil anda mais doente do que parece!
Continuando: Aboli as frituras, as carnes, estou dormindo bem cedo, tomando muito suco de frutas, água, e comendo somente aquelas coisas que você acha que só comeria quando tivesse 80 anos!
Mas este ano de 2009, nossa mãe, vai começar muito diferente. Até achei engraçado um dia desses quando uma amiga me perguntou, esquecida da situação: e aí Clélia, o que você vai fazer nas férias? Eu, assim, como quem não quer nada, respondi: Vou tirar um seio, mas estarei bem até Carnaval, pronta pra sair no Suvaco (o nosso bloco aqui do Jardim Botânico, no Rio). Morremos (êpa, não posso falar isto prestes a operar!), Vivemos de tanto rir, tal o absurdo da situação. Aí, um assunto puxou o outro e eu já parti pro humor negro, característica da minha relação com esta amiga, que tem o dom de me inspirar. Que fantasia iria fazer este ano? Claro, porque não dava pra estar careca, sem sobrancelha e não se aproveitar da situação, certo? Então, o Pirata não tem tapa olho? Pois bem , terei tapa seio, e serei a pirata mais linda e original do bloco, Olha o Suvaco aí gente! Não combina com a maneira de usar meu lenço?
Opero dia 15/01, e se subtamente mudar de humor, não estranhe, estou me borrando de medo da anestesia.
E como diz minha querida Lili, que é muito calada, mas que quando fala tem a força de um trovão: detesto anos pares.
Eu também Lili, e em 2009 serei uma pessoa muito melhor.