segunda-feira, 23 de março de 2009

60. QUANDO O CARTÃO DO CÂNCER NÃO PAGA ALUGUEL!


Quando recebi o diagnostico do câncer de mama, me veio imediatamente na cabeça a palavra: careca! E a segunda palavra foi : brinco!
Brincadeirinha...
Na verdade, o que eu quero dizer é que muitas vezes, no início do meu tratamento, apelei para a terapia das compras, e mergulhei nas possibilidades de interferir no meu “estilo”. Queria é ficar mais "gata", lógico. Usei deste artifício para me distrair e me divertir com as minhas mudanças visíveis, e cada dia que ficava menos cabeluda arrumava uma maneira de me fazer mais um agrado, seja no visual, no intelectual ou no cultural. Onde desse.
Ia ao médico, comprava 01 brinquinho. Ia fazer exame, um batom. Ia na quimioterapia, 01 lenço, 01 brinquinho. Quando juntava a quimioterapia com o médico, um brinquinho, uma blusinha e um CD. Era uma farra de "débito automático ou crédito?". Quando o bicho pegava, um livro. Ou dois, variava do bicho. A clínica dos meus médicos é em Copacabana, para quem não conhece, uma espécie de Nova Deli da novela das oito, mas com um estilo bem carioca de ser, ou seja, um monte de gente de biquini andando pela rua. E onde se compra desde a calcinha até a dentadura sob medida, isso tudo numa distância que não chega a um quarteirão. Usava deste “artifício” e do meu cartão de crédito do câncer: “ah, estou com câncer, vou me dar de presente este brinco”. “Ah, já que estou com câncer, vou me dar de presente a coleção do Roberto Carlos, anos 60/70”.
É claro que, depois da sexta quimioterapia comecei a sacar que podia até ficar sem cabelo, sem seio, sem sobrancelha, mas, peralá, não podia ficar de maneira nenhuma falida! Comecei a ter mais parcimônia nas comprinhas e me dei conta que este cartão que o câncer te dá, não paga aluguel, nem escola de filho e muito menos o supermercado do mês. Do final da quimio até hoje, já se passaram 04 meses exatos! Meu cabelo começa a crescer, estou na quinta aplicação de radioterapia num total de 25, e a clínica que estou fazendo a radio fica no alto de uma ladeira de uma rua bucólica cheia de passarinhos. Ainda bem. Graças...
Mas acho que foi ótimo ter feito isso por mim naqueles primeiros meses de tratamento, me fez mais feliz , eu recomendo. Pode ser qualquer besteirinha, um adesivo, um chaveiro, uma buginganga qualquer, mas uma coisinha só pra gente.
Mesmo porque num tratamento desse tipo a gente sabe, pensa nisso todo dia, reafirma a cada hora e jamais esquece: “a saúde não tem preço”.

12 comentários:

Isa disse...

boa terapia...mas como dizes, ficar sem dinheiro é que não dá.
beijinhos e fica bem

Anônimo disse...

Em tempos de tensão por causa do câncer nada melhor do que uma terapiazinha de varejo. a terapia das compras nos transporta para um mundo de bijuterias, moda, perfumes,chocolates, objetos de decoração,perucas ( eu adoro, tenho 3). Boa aparência e alto astral são fundamentais para nós que estamos sofrendo os efeitos colaterais do tratamento.Mas ir a falência não é nada terapeutico. Sair de casa com planos indefinidos, durante um ataque de pânico e com um visa na bolsa, é tragédia, na certa.

Anônimo disse...

O SEU BLOG É ...COMO DIZER....RESUMINDO.UMA DELICIA..VC FALA DO CANCER DE UMA MANEIRA TÃO SIMPLES...ADOREIIIIIIIIIII E RI MUITO...ENTÃO AMIGA...RIR 'É O MELHOR REMEDIO......
cRISTINA/PORTUGAL

Madame Li disse...

Oláaaaaaaaaaaaa

Boa terapia mesmo. Como gosto de música eletrônica já tinha alguns lenços qdo soube que estava doente, iria usar todos os modelitos estilosos de tranceiras ou frequentadores de rave. Mas o q eu fiz mesmo vou encher a geladeira de delícias. Assinei meu atestado de glutão. Tive vontade de consumir muitos vinhos. Principalmente aqueles que a gente fica namorando na prateleira por. Não degustei meus sonhados vinhos, mas aprendi que posso usar os modelitos q quiser, qdo e como quiser. Fiquei mais bonita, descolada e feliz. Meu cartão pagou mesmo foi patisseries e confeitarias adoráveis. Amooooo

Bjãozão

Solange disse...

Oi Bonitona,

Adorei sua postagem.... tbem adoro me fazer uns agradinhos... rsrsrs.
A vida precisa ser vivida na essência e devemos ser felizes a cada momento.

Bjs.

Janaína Cordeiro de Moura disse...

Sou uma das tuas fiéis "seguidoras"... E me amarro no teu blog... Deixei um selinho para ti, lá no meu... Acesse o post: http://avoltadomistureba.blogspot.com/2009/03/outro-selinho-fofo.html
Beijão.

Unknown disse...

Já comentei antes com vc sobre a minha filha de 17 anos que teve linfoma. Coincidentemente, a terapia das compras tamb´´em a ajudou muito. Batia a depressão química(a do 3º dia após a aplicação) e eu a tirava da cama para o shopping: Comida chinesa, roupas íntimas, brincos mil. Como será que os brincos interferem no astral? Acho que é além do que se vê no espelho. Devem haver pontos nas orelhas que, estimulados pelos brincos, aumentem a serotonina. Não chegou a ficar careca, mas tinha lenços, chapéus e peruca. Só ia para a clinica linda, de lápis nos olhos e batom vistoso...Páginas seriam pouco, para escrever coisas desse tempo...
Estou encantada por você: mulher de fibra, que não se deixa abater. É deveras diferente, um misto de anjo e super-herói. Onde está escondendo a fragilidade? Pelo menos a sós, dê vazão aos temores, sem máscara. "Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz."Deixe transparecer a sua guerra íntima de forma mais intensa e ajudará muito a todas que a vivem.Beijo.

Renata (impermeável a) disse...

TAmbem fiz isto...
E assim como você teve uma hora que disse chega!

Mas, sim, se sentir bonita e desejavel com roupitas novas... é importante!!!

beijos.

Menina Robô disse...

Ahh tbm vivia fazendo compras,
antes da minha 6ª cirurgia,
depois da cirurgia vieram as contas, aí o estresse era:
doença+dinheiro = estresse total.
Mas já parei com esta ânsia d comprar, agora só tow pagando as dividas.

Bjokas Gata!

Rosario disse...

Eu tb faço diaterapia! Sempre é na segunda pós quimio. Minha filha mais velha tem folga na segunda, então brincamos que é o Day Feliz, almoçamos juntas, compramos um mimo qq nem que seja um baton, ou vamos em uma loja perto de casa que tem ponta de estoque, sempre com precinhos convidativos... mas maneramos o cartão senão.... bjs.

Adri disse...

São um encanto as tuas palavras, cheias de vida, de humor... Também passei pelo kit completo, cirurgia, quimio e, atualmente, radio. É impressionante que o mais difícil é se descolar do peso das palavras: câncer, quimioterapia,. No mais,os dias continuam, lindos, as vezes naõ tanto, e cheios de coisas para fazer. De perto, nem tudo é perfeito, nem tão terrível. Eu mesma vou levando a vida, até sem pressa que tudo isto passe, porque a vida é muito boa e é ótimo degustá-la. Os percalços vão apenas entrando na rotina e se misturando com outras coisa muito maravilhosas, como são até as comprinhas, pelo jeito um sintoma universal. Beijinhos.

Unknown disse...

Acesso seu blog diariamente e me identifiquei plenamente com essa postagem! Coitado do meu cartão! E olhe que eu nunca fui consumista, mas ando carente...