domingo, 8 de fevereiro de 2009

52. TEMPO BOM NÃO VOLTA MAIS, SAUDADÉ É O QUE O TEMPO TRÁZ"


Hoje eu acordei meio saudosa. Queria voltar no tempo e ser aquela menina lá de Manaus, que corria e brincava de esconde-esconde nas obras típicas de uma cidade em crescimento, andava com a minha bicicleta “Jane”, a serelepe e mulher do Tarzan, tomava banhos de rio com sua água escura, que fazia com que nos santíssimos realmente Janes e Tarzans, condição que se fortalecia com os quintais cheios de matas enormes (ainda mais quando somos crianças) e povoadas de calangos “turbininados” que dava um clima tipo floresta mesmo, que nem a deles.
Acordei tão saudosa, que no café da manhã comi pão com ovo e nescau, uma das minhas comidas favoritas na pré-adolêscencia. Até os meus 16 anos vivi em Manaus, e no auge da minha adolescência era também o auge da zona franca. Na época, além dos tênis nikes, da camisa hang tem, da calça lee e dos skates que eram novidade no Brasil, nossa alimentação muitas vezes lembrava o que se comia nos Estados Unidos da América, pra onde todos queriam ir. Além dos peixes (pacu, pirarucu, tucunaré e etc) e frutas maravilhosas da região (bereba, açaí, graviola, cupuaçu e etc), complementávamos a alimentação com leite green land, manteigas de marca que não me lembro e embutidos fantásticos e coloridos, que começávamos a comer pelos olhos. Foi uma época do auge dos alimentos pré-fabricados, quanto mais se preservasse a “qualidade” dos alimentos, melhor seria. Para ilustrar a situação, quando vínhamos para o Rio (de janeiro, onde moro desde 1982) visitar os parentes, trazia os meus tênis usados mas novos, para presentear primas e primos, e estranhava os itens dos supermercados daqui, que não tinham algumas das minhas marcas favoritas.
Enquanto “viajava: nas lembranças, pensei: Putz grila! Será que o meu câncer (ex-câncer, huhuuuu!) foi proveniente da minha alimentação “fake”?
Aí imediatamente emendei: Who knows? Como vamos saber? Pode ter sido cigarro, depressão juvenil, timidez, o sol inclemente que tomei na moleira todos esses anos, a correria que vivo nos últimos 25 anos (cedo comecei a trabalhar!), ter tomadas inúmeras coca-colas pela manhã para curar ressacas provenientes de farras universitárias, entre outras escolhas “politicamente incorretas” dignas da juventude, quando achamos que somos invencíveis.
Nunca vou saber a origem do meu câncer de mama. Infelizmente. Ou não.
“Como alguém me disse: somos diferentes a cada dia, e nunca mais vamos nos reconhecer na criança que fomos um dia”.
Sendo assim, só me resta ter a melhor alimentação que puder, me estressar menos, valorizar mais meus dias, me afastar de quem e do quê me faz mal, não engolir tantos sapos no dia a dia e seguir em frente, me esforçando para me amar cada vez mais,todo dia.
E pensar com carinho sobre a minha infância porque, como falei aí no título, e que eu não sei se é letra de música, algum jingle de televisão, cantiga de infância, sei lá, minha memória já não é das melhores. A frase era:
TEMPO BOM, NÃO VOLTA MAIS, SAUDADE, É O QUE O TEMPO TRÁZ.
obs> nesta foto eu tinha 7 anos, e estou toda orgulhosa na minha bicicleta "Jane".

8 comentários:

Anônimo disse...

tempo de infancia que bom demais.bjs.

Rubia Raquel disse...

Olá Clélia... acho que tentar entender pq tivemos ou estamos com câncer é uma busca interminável, só que o interessante é que não chegaremos a uma conclusão nunca... então, só nos resta seguir em frente!
Olhar para traz apenas para lembrar da infância e adolescência, que pelo que percebi a sua foi tão linda quanto a minha!
Às vezes ainda sinto o gosto do sorvete da minha infância!!!
Um grande beijo e boa semana!!!

Larissa Santiago disse...

olá!
vi sua entrevista no Sem Censura... vc é muito alto astral!!
adorei o blog e tua história!
parabéns!!!
[vou passar por aqui sempree]

Anônimo disse...

Menina, acabei de assitir a graça da sua existência no Sem Censura. Uma amiga me telefonou para que eu ligasse a TV. Foi lindo ver o alto astral no ambiente, estas coisas de energia a gente sente independente do meio, não é mesmo? Gostaria muito que minha mãe tivesse 1/10 desta certeza que você teve desde o começo de que era uma fase e o mais importante seria estar viva. O pior é vê-la neste estado de desesperança, já retirou o câncer sem necessidade de mastectomia, entretanto a tristeza impera. Mas isto também passará!
Olha, desejo que seu caminho seja sempre cheio de muita luz, mas não é difícil que seja, pois você tem luz própria. Parabéns moça vitoriosa. Beijo,

Unknown disse...

Olá Clélia...bom apenas uma possibilidade e uma coincidência enorme, me fez descobrir seu mundo virtual.
Vi sua entrevista no sem censura,onde após derramar algumas lágrimas, ouvi uma mulher com uma forte do tipo: eu posso, me fez ter forças para acreditar no melhor.
Bom minha mãe ainda não tem diagnostico do mastologista, é um nódulo, que apareceu e nos tirou a paz.

Realmente nestas situações onde a vida chega e coloca uma virgula, paramos e pensamos em tudo que já vivemos...e descobrimos que talvez não vivemos passamos pela vida.

vou acompanhar seu blog e VIVER.

BEIJOCAS

A grande batalha! disse...

Olá Clélia!
Quanto tempo...
Menina viver no mundo de hoje sem internet é impossível, sinto muita falta, essa discada aqui me deixa mais nervosa q outra coisa, quando tento postar uma foto por ex. ele sempre trava.
Viu a indicação ao prêmio né, creio que antes de mais nada todas nós merecemos esse prêmio, simplesmente por sermos mulheres, batalhadoras e vencedoras!
Um abraço bem apertado,

Thaís

Blog da Irene disse...

MINHA LINDA! TO LENDO SUAS POSTAGENS E VOU FALAR DE NOVO. RSRSRS. SAIBA QUE TODOS NOS TEMOS CELULAS CANCERIGENAS, FICAM LA, LATENTES, ESPERANDO AS TRISTEZAS DA VIDA FAZEREM A NOSSA AUTO DEFESA SE DESCONTROLAR PARA A[I ENTAO, TOMAREM CONTA DE ALGUMA PARTE DE NOSSO CORPO. PORISSO, NUNCA DEIXE A TRISTEZA TOMAR CONTA DE VC. ACORDE SEMPRE SORRINDO E AGRADECENDO A DEUS POR MAIS UMA DIA QUE VC. ACORDOU PARA VER A LUZ DO SOL, AS NUVENS. MINHA AVO COSTUMAVA FALAR QUANDO EU ERA APENAS UMA CRIANCA QUE DEUS ESTAVA SEMPRE SENTADO NUMA DAQUELAS NUVENS BRANQUINHAS OLHANDO POR NOS. BEIJOS

Anônimo disse...

passei só pra desejar força..
sei o que é passar por essa doença..
mas vc ta tirando de letra..
encare como um apreendizado necessário a sua evolução espiritual.
tudo de melhor e seja feliz!!!