sábado, 28 de fevereiro de 2009

56. QUANDO DOIS NÚMEROS MAIORES NÃO FAZEM DIFERENÇA!














Meninas, Rapazes ou Genéricos, vocês lembram quando usávamos o sapato da mãe (normalmente alguns números a mais) e saíamos andando por aí e nem aí? Pois é, tive um pouco essa sensação novamente na semana do carnaval, quando inaugurei minha prótese nova.
Carnaval, sou foliona, já tinha passado um mês da cirurgia, era hora de colocar uma prótese temporária mais de “responsa”, afinal estava tudo cicatrizado, e os “improvisos” já me incomodavam um pouco, além do fato de ter umas surpresinhas, quando, inadvertidamente o meu seio opcional rebelava-se e saia do local indicado e eu tinha que reposicioná-lo ali mesmo. Sabe aquele homem que coça as partes íntimas em qualquer lugar que dê na telha? Aquele grosso? Isso mesmo! Pois então, me sentia meio assim...
Além do que, essa situação não combinava com a minha animação, já pensou se ele fosse parar na altura do gogó enquanto eu desenvolvia na avenida?
Bom, aí lá fui eu com minha filhota Elisa atrás da prótese tamanho 42, mesmo número do meu soutien, que legal, oba, ia ter um pouco mais de segurança e tal.
_ Moça, a senhora tem um seio aí pra me vender? _ Qual o número do seu busto?_ 42
_ Tem certeza? Pois foi nesse momento, que aquela moça no alto de sua sabedoria e prática de anos me jogou na cara, assim, na lata: _ Mas não é 42 messssssssmo, nem aqui nem na China!
Na China eu não sei, mas este seio, agora sozinho, que me tem me acompanhado durante todos esses annnoooooos, além de perder seu amigo mais próximo há pouco tempo ainda teve este baque de ser na verdade outra ser que ele nunca soube? Ter outra dimensão? Ocupar um espaço que não era o seu? Perder ali mesmo sua identidade?!
Pois aí começou a humilhação...
Desce um seio, desce outro, e mais outro e soutien apropriado, e coloca e tira, e o que deu certo foi um número 48!!! Inacreditável, mas um seio original era 42 e o outro 48!
Quando acabei a “operação” tinham umas 05 próteses e uns 07 soutiens espalhados pela cabine, uma cena que eu nunca tinha visto nem em filmes! No final já andava com desenvoltura pela loja com o seio na mão, para horror da minha filha pré-adolescente que estava quase refém da situação “mamãe vai te pegar na escola e vamos dar uma passadinha ali rapidinho”.
Bom, o fato é que eu hoje sou portadora temporária de um seio 48 e portadora permanente de outro 42, que, inexplicavelmente, são do mesmo tamanho! Vai entender... No entanto, agora acredito piamente que o tamanho da prótese é determinado pelo “conjunto da obra”, ou seja, tudo que eu seio tem em torno, mas que não é considerado seio, deu pra entender?
Com esta dupla “estranhamente” harmoniosa eu saí no bloco “Me Beija que eu Sou Cineasta”, e pulei pra danar, sem me lembrar em nenhum momento que estava com uma prótese, a não ser quando recebia o abraço dos amigos, felizes em me ver ali. É que a prótese não tem maleabilidade e o abraço tinha que ser meio de ladinho para não ficar estranho já que a prótese de silicone é meio dura. Era estranho abraçar e provocar um desconforto no abraçado, assim do tipo “perdeu playboy, passa a carteira”...
Só sei que está tudo caminhando bem e voltando ao normal.
Tanto que, uma manhã dessas, quando me olhei no espelho prestes a escovar os dentes, me peguei falando comigo mesma, ainda meio sonolenta: “Nossa, tenho que cortar o cabelo...”
Foi suficiente para um ataque interminável de gargalhadas que me acompanharam por todo o dia, afinal de contas, desde maio (quando comecei a quimioterapia) não falava mais esta frase tão familiar aos nossos ouvidos femininos...

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá Querida!
Faz tempo que não entro aqui mas hoje valeu muito! Você está linda e feliz. Graças a Deus!
Um beijão
MaryMary

Vivian disse...

...passeando pela blogsfera
cheguei até aqui,
e de cara me encantei
com tua bravura e desprendimento.

quantas lições tenho certeza
que irás deixar por aqui,
já que esta doença terrível,
não é previlégio de uma pessoa
só, e sim faz visitas em muitos
lares por aí.

resta-nos então que tenhamos
a sensatez e sabedoria em
saber conviver com os desígnios
de Deus.

bjus pra você!

Renata (impermeável a) disse...

ahhhhhhhhh....
que vontade falar esta frase!!
rsrsrsr...


vou te frequentar... ta...?

vim daqui:
http://hodgkineuconheoestecara.blogspot.com/

beijos
adorei o alto astral.

Isa disse...

Olá, clelia, tb eu tive cancro da mama, tenho passado bem, se quiseres passa nos meus blogs, uma mais virado para indormações sobre cancro, consultas e exames que tenho feito e outro é a minha vida diaria.Um beijinho e tudo a correr bem
www.isabelguerreiro.blogs.sapo.pt
www.umaluznaescuridao.blogs.sapo.pt

Menina Robô disse...

Eu q o diga, como é usar próteses... hehehe

Bjus!

Rubia Raquel disse...

Cléliaaaaaaaaaaaaa...
Menina fiquei com uma invejinha boa de vc, já que vc pode ir ao carnaval e eu ainda estou de molho em casa!!!
Ainda bem que carnaval tem todo ano e pode ter certeza, em 2010 estarei lá brincando horrores!!!
bjsssss

Rubia

Ana Cristina disse...

clicando aqui e acolá encontrei você e sua grande lição de vida. Minha familia já passou por esa situação. em 1996 numa quarta feira de cinzas minha irmã recebeu a terrível notícia...já se passaram tantos anos e ela está mais maravilhosa que antes. É uma grande lição para todos que passam por isso.

Abraços, acreanos

Pollyana Ferrari disse...

Clelia,

Suas narrativas cotidianas me enchem de luz sabia? Andava tristonha, sem grana e percebi que além de tudo não estava me amando tanto, não ando comprando nem batom. Sua garra e força estão até me fazendo escrever relatos de vida que não escrevia. Obrigada por compartilhar tanto comigo, sua leitora de sampa

bjs
Pollyana