sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

28.JOGA FORA NO LIXO!


Quando a gente está fazendo quimioterapia, ficamos próximas de algumas pessoas que fazem quimioterapia junto com a gente, mesmo dia, mesmo horário, etc. Por motivos óbvios: 2 horas sem fazer nada, solidariedade normal e uma certa cumplicidade. Em 04 sessões vc já sabe sobre os gostos, família, trabalho e amores.
Ah, os amores, que delícia.
Pois então, ontem me ligou uma “amiga” da quimioterapia e que virou amiga da vida, toda feliz e por um motivo de amor. Tinha conhecido um cara muito legal e eles estavam saindo e muito apaixonados. Ambos tem mais de 40 anos, sendo assim já “queimam” algumas etapas numa relação, nessa altura dá pra saber se vai ser bom ou não e se o cara não é um psicopata roubada.
Ela já fez a masectomia e vai colocar a prótese por agora, está bem animada, enfim, vai colocar os peitos novos e os que ela escolheu, olha que beleza!!!!!
Fiquei feliz por ela, uma relação numa hora dessas é muito bom, por todos os lados, e os principais são os clássicos: é bom estar apaixonado, blá, blá. Mas, para uma mulher que fez masectomia ou vai fazer, a coisa fica mais importante ainda, também por motivos óbvios. É realmente bom ter um companheiro (a) para acompanhar os altos e baixos e uma certa gangorra emocional natural na TPM, imagina com “drogas pesadas” e numa situação como a que a gente está vivendo. Um carinho antes e um sexo depois ou vice e versa faz muito bem.

Como já falei numa postagem anterior, eu nunca tive muita sorte no amor. Sabe o dedo podre? Pois é, eu tenho a mão toda! E de quebra, os pés!
Eu gostava, muito, muito mesmo, de uma pessoa com quem tinha me relacionado tempos atrás, um mês antes do diagnóstico. Apesar do pouco tempo que estivemos juntos e por conta das nossas afinidades, não tinha dúvidas de que teria fôlego para viver com ele por mais tempo ainda, e com os anos acabaríamos lendo os livros que deixamos de ler e conheceríamos cidades nascendo ou se transformando. Eu achei que tinha achado o amor da minha vida, o problema é que eu não tinha combinado com os russos. Mifu.
Pois então, depois do diagnóstico ele foi a única pessoa do meu círculo mais próximo que nunca me deu um telefonema. Oi, como vc vai, quer dar uma volta, quer ir ao cinema, vamos sair pra distrair, puxa como você é linda, rsrsrs e etc. E a atitude dele me fazia ficar triste e muitas vezes. Eu estava juntando as pontas e ele era uma ponta bem solta, era importante ter trocado impressões com ele naquele momento tão difícil que eu vivia. Afinal, era com quem eu havia me relacionado afetivamente há pouco e a minha relação com o meu "feminino", como é natural, estava um pouco abalado. Pois bem, cada dia que passava e ele “tô nem aí” eu ficava mais triste e, numa atitude de preservação, fui isolando a pessoa cada vez mais num canto do meu pensamento. E o tempo foi passando e nem mágoa, nem raiva, nem amor, nem decepção, nem... nada.

Uso este exemplo de uma relação afetiva, mas pode ser com tudo, tudinho mesmo!
Com a ajuda da minha querida terapeuta Leila, pude me concentrar no que realmente interessava para o meu organismo: minha cura, eu e minha cura, e de quebra, limpar a área.

Já que estava cortando a gordura, cigarro, carne e aquele programa roubada, aquelas pré-estreias chatas, filmes ruins e lançamentos de livros que nunca iria ler, enfim dei um tempo de tudo que me fazia mal: sensações desagraveis, por favor, mantenham –se a 200 metros de mim!
É bom cortar o máximo e se sentir muito bem com o mínimo.

Mas, queria muito ter aprendido tudo isso tem ter que passar pelo câncer. Queria ter aprendido a me blindar com o que me fizesse mal, dar um gás nas coisas que realmente me faziam bem sem ter que passar experiências que na verdade não me acrescentavam em nada, só me atrapalhavam..
O câncer, por incrível que pareça (toc, toc, to), me fez bem. Ah, sobre o cara? O encontrei mais de uma vez por acaso e num dia desses do acaso,eu, muito gentil, perguntei, como vai? E ele me contou, sem respirar, as mazelas, chateado por que alguém o contrariou, e a vida estava um porre e bla, bla, bla. Usou meu ouvido de pinico, sabe como? Tive a impressão de que eu poderia ser até um poste, bastava o poste falar.
Me despedi, estava com pressa, ia viajar , sai andando e de repente caiu a ficha: Putz, ele nem me perguntou como eu estava? Mas que coisa chata, que pessoa egoísta, vaidoso, egocêntrico, e, além de tudo... deixa pra lá. Nossa mãe, como posso ter perdido dias de sol maravilhosos e alegres com meus amigos, minha filha ou até comigo mesma porque estava curtindo uma fossa daquelas dignas de Dolores Duram?
E continuei a andar. Mas no caminho não agüentei e falei: ei, estou muito bem, obrigada por perguntar! E saí rindo, feliz comigo e pensando: nossa, que pena, ele está mais doente que eu. Só que eu sei o diagnóstico.

Obs: nos encontramos novamente depois de ter escrito este post e até demos risadas. Foi bom...mas bommmmm mesmo, assim bom, bom, tenho dúvidas.
No momento estou mais pros ótimos!

2 comentários:

Anônimo disse...

ohhh minha amiga, "os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus". Vênus é aquele planeta brilhante, reluzente, inspiração para obras primas como a de Botticelli, é a nossa Estrela Dalva. E Marte??? lá moram os marcianos, aqueles caras orelhudos, carecas e que não sabem se expressar,e também não entendem nada do nós falamos...
é isso aí minha amiga, sua luz é forte, seu brilho talvez seja demais ofuscante para alguns marcianos, mas o universo é infinito!!!!!!!!!!!!!!!!!
VOE LONGE!!!!!!!!!
bjs
virginia

Anônimo disse...

"Antes de você gostar de alguèm procure a amar a si própio.Se você olhar ao seu redor ,vai ver que a vida sò deixa no nosso lado as pessoas iluminadas.muita força, pois, tenho certeza que tem um anjo igual ao meu do seu lado. não havia percebido, mas quando,perdi a minha mãe,ela deixou a minha irmã para nos guiar e proteger. voce deve ter alguem especial assim também!´
Feliz ano novo! bjs sandra