sábado, 13 de dezembro de 2008

31.UNHA ENCRAVADA.. SERÁ QUE É CÂNCER?




De dois dias pra cá tenho me sentido meio mais ou menos, meio pau meio tijolo... assim, meio doente, sabe como? Peço licença para contar um pouco minhas mazelas, bem pequenas. Nesta semana, dia bonito, resolvi ir para a terapia de bicicleta. Peguei o MP4 da minha filha Elisa, o tênis que estava com saudades de dar uma volta na Lagoa, protetor solar, chapéu de Chicago que minha amiga Tissi trouxe pra mim e - bom dia Rafael, que calor heim, pois é o Vasco, e será que a Flora vai matar o Gonçalo? e tal e coisa. Na volta pego o jornal, tá bom?
Saí serelepe, me achando a atleta do século. Pois bem, 10 minutos e 03 músicas depois estava de língua de fora e as pernas não me obedeciam de maneira nenhuma, tinham vida própria e nem de perto combinavam com o meu estado de espírito. Num trajeto que fazia normalmente em 15 minutos fiz em 45, e ainda bem que saí com tempo, senão teria pago uma sessão de terapia só pra dizer tchau Leila, até semana que vem.
Cheguei lá no consultório quase carregando a bicicleta tamanha a dor que sentia nas pernas quando pedalava, num misto de muscular com ossos, estranhíssimo. Pois, já de volta em casa, depois de pedalar ou empurrar a bicicleta por mais 45 minutos, pensei, acho que um banho relaxante me fará bem. Fez. Saio para o batente e no final do dia os pés inchados e as pernas doendo mais ainda, mal conseguia subir a escada de 05 degraus da portaria do prédio, e ainda fui ultrapassada pelo casal de idosos simpáticos e animados que moram no andar de cima pra quem eu repetia sempre que encontrava: : "quando crescer quero ser que nem vocês"! Eles devem ter pensado: Du-vi-de-o-dó, essa aí?
Nunca fui de telefonar para o médico por qualquer coisa, sou produtora e não tem nada que me irrite mais do que um telefonema fora de hora e invasivo, sem motivos para tal. Eu e minha sócia e marida RRRRRRRoooose temos um acordo tácito, que nunca combinamos de fato mas é um forte motivo para estarmos juntas até hoje: depois das 22:00 e antes das 9:00 da manhã nunca ligamos uma pra outra à toa. Somos parceiras há 15 (14?) anos e conto nos dedos às vezes que isto aconteceu. Talvez por motivos fortes como: Oi Clélia, amanhã vou pra maternidade, a Rosa parece que vai nascer , então não vou ao escritório, ok? Ou, oi RRRRRRRRRRRôse, não vai dar pra ir com você na reunião amanhã, foi diagnósticado um câncer de mama em mim e acho que não vou estar concentrada o suficiente. É claro que estou exagerando (dã), mas é por aí.
Ela é diretora de cinema e tv, roteirista, escritora e artista, ou seja, tem todos os ingredientes para "dar defeito" mas acima de tudo tem respeito pela minha condição de produtora, ao contrário de muitos que andar soltos por aí. E como nós produtores, o médico come, tem família, namora, e de vez em quando tira aquela roupa branca e se torna outra pessoa. É bom respeitá-lo, e pensar 2X antes de ligar por qualquer unha encravada. Mas confesso, não agüentei e liguei. Quando a gente tem um câncer fica fácil pensar que vai ter mais um despontando em outro lugar. Tudo vira um “perigo”, e a gente fica com as antenas paranóicas ligadas! Qualquer coisa que a gente sente fora de contexto absurdo que já vivemos, pimba, acende o alerta vermelho e as sirenes internas saem pelos ouvidos.
Pois bem, liguei e "aí, pode falar?"Pós medicada e sem o desconforto que as dores estavam me dando antes , pensei: nossa, é o verão chegando por isso o pé inchado e é claro, as pernas um pouco mais enferrujadas que o normal e só. Dr. Eduardo disse que não tinha nada a com a quimio recém terminada e nem com o ciclo de 05 injeções "grandeloquinhas" que havia tomado . Sei que ele fica atento e eu também, ora pois, era só o que me faltava e um reumatismo (ou similar) agora, fala sério, como diz a Elisa e sua turma.
Resolvi relaxar e fazer um alongamentozinho básico e tomar uns muitos litros de água a mais que o habitual e sei que pequenos hábitos podem me ajudar bastante...Vamos a eles.
Peralá, xô paranóia ! Comigo não,violão. Agora, se aparecer de novo, e não conseguir falar com ele ( o que nunca aconteceu) acampo em frente em frente de sua casa e pronto! Simples.

3 comentários:

Anônimo disse...

Clélia! Acompanho o seu blog desde sempre. Tive câncer de mama também. Não foi necessária a retirada da mama toda. Mas fiz quimio e radio. Tenho 37 anos. Faz um ano que fiz o primeiro ciclo de quimio. Estou ótima agora.Queria te dizer que tive um pouco de reumatismo após a quimioterapia. Dores nas juntas, os dedos das mãos não abriam pela manhã... parecia uma velhinha. Mas tudo passou! Hoje, nado três vezes por semana numa boa! Um beijo, querida!
E força na peruca!

Anônimo disse...

Carmem, muito animador o seu comentário! De onde vc é? beijos, clelia

Anônimo disse...

Clélia,
Sou de São Paulo, Capital. Tenho um blog também. Na época do tratamento, fiz dele um (quase) diário. Foi bom pra exorcisar! Se quiser visitá-lo, é este aqui: www.carmencita.zip.net
Veja os posts a partir de agosto de 2007.
Beijos