segunda-feira, 17 de novembro de 2008

20. Ainda Manaus e outras Cositas Mais


Rever Manaus despertou em mim muitas sensações e sabores adormecidos, que voltaram a pelo vapor. Ou motor!
Mas é claro que, no pacote, vem as coisas ruins também , afinal, nossas sensações tem vida própria, e não são selecionadas como neste avião que acabei de pegar e que a moça do embarque pede com sua voz gentil: passageiros do acento de 1 a 18, por favor para a esquerda e passageiros do acento 19 a 31 para a direita. As sensações vem todas juntas, feito uma pororoca. Vou dar alguns exemplos não tão agradáveis que revivi por lá.

Calor. Minha Nossa Senhora Aparecida do Beco da Indústria , agora entendo porque meus pais optaram em sair de Manaus e aumentaram a população da cidade com o maior número de aposentados do Brasil, a Miami tupininquim, nossa simpática Nitéroi. Em Manaus é de rachar a moleira, minha careca ficou suada mesmo dentro da piscina, acredite. Por isso todo mundo vive no ar condicionado, e a pele da gente vai engilhando e vamos no tornando aos poucos um maracujá. A gente então que está fazendo quimioterapia, nossa mãe, em 04 dias vira um cuscuz daqueles amarelhinhos que sugam até o Rio Amazonas. Os meus hidratantes "especiais" ficaram pela metade em 05 dias. Foi difícil em alguns momentos, quase chorei quando minha mão ficou com uma aparência roupa sem ver um ferro de passar . Então eu recomendo: na hora de dar sua escapadinha para arejar a cabeça, e esquecer um pouco do seu câncer, fique atenta para todas as condições climáticas, temperamentais, de transporte e etc que a cidade te oferece.
E pense no sol. Para nós , os sem cílios, é uma claridade ao cubo, potencializada. Se vacilar vc tem que colocar insulfilme 500 no seu óculos escuro. Para quem faz cinema ou similar, é como se Deus tivesse colocado um rebatedor gigante sobre a cidade. Meu compadre Paulinho Violeta teria que se virar nos 30 para resolver.

E o filtro solar, durma com ele.

Barulho. Não sei por que cargas d’água o manauara, de um modo geral, ouve todo tipo de som às alturas. Se é pra chamar o filho que fugiu para a casa da vizinha é - Joãaaooooo, vem pra casa menino!", num berro que chega a ser ouvido no outro lado do rio, em Manacapuru. Ou para colocar aquela musiquinha ambiente (!), que deveria ser de fundo, é tudo muiiiiiito alto. Quando a gente vê já está gritando uns com os outros, e gesticulando muito para ser compreedido, parecemos mais descendentes de italianos do que dos indígenas, que andam sorrateiros e em comunhão com a Floresta. Aliás, no hotel da selva (ariaú), tudo que fizemos foi não ouvir o barulho sinfônico da mata, e sim um show interminável do Boi Garantido e do Boi Caprichoso, num mantra repetitivo que quase nos levou à loucura. E olha que eu gosto deles e sou Garantido.
Como aboli a peruca, o meu lenço tapa parcialmente os meus ouvidos, e a coisa fica realmente mais fácil.

Vou ter que continuar depois. Preciso desligar o computador, estamos chegando em Brasília e não posso me sentir culpada caso exploda o avião. Se bem que não seria má idéia, se depois de colocarmos os pára quedas, o dito cujo caísse em cima do Congresso, quem sabe viveríamos melhor sem o Ali Babá e os 40 deputados.
Vou aproveitar e comer pitomba que trouxe na bolsa e prolongar um pouquinho mais do sabor de Manaus no meu paladar.

2 comentários:

Anônimo disse...

clélia bessa, o texto é bárbaro; você é bárbara (a propósito, obrigada pelas instruções para comentários). respeitoso (você perguntou), sem dúvida. até com as pitombas, que, para mim, nasceram mais para tacar nos outros do que para comer... mas talvez as de pernambuco sejam menos carnudas.
careca, lenço, batom vermelho: vi sua foto no jb; ficou linda. ia presentear você com uma peruca ruiva; vou trocar por um lenço ruivo. vale?
beijo grande,
bebeth

Anônimo disse...

Eu queria que um psicólogo, quiatra ou canalista, sei lá, me explicasse essa mania de amazonense exagerar pra depois consertar. Eu explico: botam o som nas alturas e gritam pra aue seu interlocutor o escute. Com o ar condicionado é a mesma coisa: colocam o caralho do ar a fundo e usam pulôveres, bleiseres e echarpes para amenizar o frio. Quem não sabe disso, entra de camiseta e bermuda em um evento e quase morre congelado, ou abandona o recinto. Égua! Em casa, ligam o ar no máximo e dormem de edredon.
No mínimo é desperdício, eco logicamente incorreto, né, maninha!