quarta-feira, 19 de novembro de 2008

21.Dê uma carteirada quando for necessário. Continuando o que é bom e ruim.





Continuando:

Barulho: Acho que eu tenho um trauma enorme com barulho, daqueles que nem a terapia é capaz de vencer. Tudo começou quando era adolescente, quando ia para as festinhas na sexta (chamava matinê) e de manhã minha mãe, uma fanática por limpeza, me acordava com a enceradeira ensandecida no meu quarto. Era assustador! Monstros gigantes roubavam meu sono, e acordava num mau humor danado. Ainda bem que é um eletrodoméstico em extinção. Quem não lembra o que é uma enceradeira, rsrsrsrsrs, no canto à direita. Nota: não é a minha mãe que pilota esta aí.
Ácaros: Manaus é uma cidade que tem a temperatura úmida, portanto não combina com carpete de maneira nenhuma! E os hotéis, que tiveram decoradores vindo sei lá de onde, adoram um carpete, que encobrem inclusive a nossa nobre madeira amzônica, se esvaindo com piratas rio abaixo. Serginho, meu colega de Festival, contou que quando ele abriu a porta do quarto os ácaros deram-lhe boas vindas dançando hula-hula. Eu nem cheguei a ir no meu, e perguntei se tinha carpete. Tinha. Então, colega de câncer, numa hora dessas use todas as prerrogativas que a doença te dá! E dê uma carteirada, sem dó nem piedade e muito menos com culpa. Pedi na mesma hora para mudar de quarto. Estava cansada da viagem, e aí tirei a maquiagem no banheiro mais próximo (batom e lápis para os olhose o blush rosadinho), coloquei uma camisetinha para o meu cateter chegar na comissão de frente e assim ninguém duvidar que eu estava com alguma coisa errada, sei lá o quê. Não sei se eles ficaram com medo que eu morresse ali mesmo, ou alguma coisa parecida, que me mudaram rapidinho para um quarto “com vista para o mar”.
Aliás, nessa viagem usei 02 vezes desta prerrogativa, no hotel e no avião de ida, onde o piloto com certeza estava na andropausa. A temperatura era de 8 graus, todos batiam queixo sem parar, o avião estava bem vazio, então nem o calor humano era possível. Reclamavam e nada! Não tive dúvidas: dei uma carteirada na hora. Com passos cambaleantes e embrulhada numa echarpe, fui em cima da comissária japonesa. "Querida, se eu ficar gripada, posso ter uma pneumonia rápida, estou com a imunidade baixa, e blau, blau", bem dramática. Ah, e processo a companhia. Na hora ficou um “Rio, 40 graus”.
Nós, que estamos com câncer não temos que ter medo de fazer valer nossos direitos, não estamos dando um ataque de tuxina ou um ataque histérico. Estamos sim nos preservando! E qualquer animal faz isso, inclusive os da espécie humana, ora bolas.

Volto às coisas boas. Manaus é o meu canto, e enquanto tiver smiles, o Festival me convidar e se a minha prima Lúcia achar aquelas passagens de R$ 50 reais, é pra lá que eu vou sempre que puder.
O meu exército de células boas agradecem penhoradamente.
Cheguei no Rio. Desta vez, Rio Bailônia, ouooooouoouou...


4 comentários:

Solange disse...

Oi Clélia,

Eu admiro seu bom humor, dei muitas risadas das carteiradas acho q está certíssima.

Bjão.

Anônimo disse...

Clélia,
Você é uma guerreira (e das divertidas)!! Axé! Seu blog é ótimo.
Grande beijo,
Ana Rieper

clelia bessa disse...

oi sololange, a idéia é essa. bjs

clelia bessa disse...

ana, somos todas. bjs