quinta-feira, 30 de outubro de 2008

13.Pára Tudo: Silvinha & Guerinha

Pára tudo por favor. Esta semana foi estranha, muito estranha mesmo. Na mesma semana, o Guerrinha, um amigo do cinema, foi-se, muito rápido apesar de nos ter dado todos os sinais. E hoje, dia 30, foi a missa de 10 anos que outra amiga, Silvia Gardemberg se foi.
O Guerrinha, só tinha Guerra no nome, de resto era só paz e amor. Todos lembração dele com aquela voz anasalada , o jeito maroto e é claro, o cigarro no bolso da camisa.

Foi muito emocionante pra mim a missa da Silvinha, e hoje foi muito diferente de 10 anos atrás, quando estive no velório dela na Casa de cultura Lauro Alvim e no final de tudo, fomos tomar um porre num bar onde ela tinha descoberto um uísque a 4 reiais a dose. A cara da Silvinha.

Silvinha morreu de câncer, que foi tratado de pulmão mas que foi de mama no início, que era o master do câncer, o guia pra todos os outros.
Os amigos, nós, acompanhamos todos os momentos, é agua na pleura, no pulmão, é isso, é aquilo e Silvinha ia se distanciando da cura. Quando viu, não tinha mais jeito, e Silvinha morreu em NY procurando uma maneira de vencer, até o último minuto.
Silvinha era uma pessoa muito alegre, expansiva e sempre estava aprontadando alguma. É o que chamaríamos de ¨samba, suor e cerveja¨. Era uma das fundadora do Suvaco do Cristo, bloco de carnaval de rua que explode na Rua Jardim Botânico antecedendo a data oficial do carnaval e levando alegria e engarrafamento para a cidade.
Era também a criadora, junto com a irmã / marida Monique, do Free Jazz, Carlton Dance, Tim Festival, entre outras coisas. E levava os amigos em tudo, distribuía convites para os shows (nossa, quanta coisa boa que eu vi graças à Silvinha) e no final do show saía pra farra com a gente, deixando as celebridades com outras celebridades.

Hoje, na missa, me dei conta do que a Silvinha deve ter sentido no momento em que soube que estava com câncer e que não tinha muito mais o que fazer, porque ela só descobriu quando a situação já estava bem difícil. Mesmo assim, continuava sendo muito positiva e não nos deixava ficar de baixo astral perto dela.
Quando lembro da Silvinha só lembro de coisas boas, mas lembro também dos seus olhos de despedida, já numa esfera superior.
Na época não entendia bem, fui muito solidária, mas só hoje sei o que ela pode ter sentido. Com o meu câncer, fiquei mais próxima desta sensação, e pude compreender toda a sua disposição perante às adversidades.
Resolvi que a Silvinha será patrona deste blog, e agradeço a ela boa parte da minha vontade e alegria de viver neste momento.
Silvinha e Guerrinha, divirtam-se por aí onde vocês estão, e nós vemos algum dia, não agora por favor, que eu tenho muita coisa pra resolver por aqui.

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